quinta-feira, 31 de dezembro de 2009

FELIZ ANO NOVO!




Não se esqueçam que a (verdadeira) magia se esconde sempre nos locais (e nos personagens) mais improváveis (e esquecidos) das "nossas" cidades...






Este ano que agora finda foram todos vocês (que, diariamente, lêem, enviam comentários e/ou sugestões e foram entrevistados) que me ajudaram a "construir" este blog... pelo que aqui vos queria agradecer de uma forma muito sentida.

Votos de um excelente 2010 a todos os amigos e leitores do "Retalhos de Bem-Fica"... e que o novo ano permita que continuemos este bom caminho!





terça-feira, 29 de dezembro de 2009

A Origem da Vila Ana e da Vila Ventura




"Depois, no ano seguinte [1928], já fomos viver mesmo para Benfica, numas casas que ainda lá estão, numa das casas, num andar duma das casas, que ainda lá estão... são duas casas iguais, uma chamada Vila Ana, a outra chamada Vila Ventura, na Estrada de Benfica, quem vai no sentido das Portas, do lado direito. Essas duas casas são curiosas (...)
A curiosidade que têm é apenas a singularidade, porque são das chamadas ‘casas do brasileiro’. E por isso mesmo estão, actualmente, ‘tombadas’ como dizem no Brasil, quer dizer estão consideradas como imóveis de interesse municipal, não podem ser deitadas abaixo... podem ser deitadas abaixo no interior, mas exteriormente têm que ficar com aquele mesmo aspecto, justamente por serem ‘casas do brasileiro’, representativas de uma época e de um tipo de construção muito característico naquela altura, um quase chalé, que a época é mais ou menos coincidente com a dos chalés franceses. E as ‘Casas do Brasileiro’ são quase todas nesse género. E então, como é um par simétrico, claro que não foram construídas exactamente gémeas. Eu tenho uma fotografia... nem sei, tenho-a para ali... Inclusivamente, uma fotografia até, duas fotografias, antigas em que numa delas se vê ainda só uma das casas e depois na outra fotografia já se vêem as duas. Fotografias, portanto, da época da construção.

(...)

"Equipa suplementar do Sport Lisboa e Benfica no Campo da Feiteira" (Outubro 1910)
Foto de Joshua Benoliel, in Arquivo Municipal de Lisboa

Vila Ana ao fundo. Vila Ventura encontrava-se em construção, por detrás da rede da baliza.



"Equipa da Associação de Futebol de Lisboa que jogou com os estudantes de Bordéus e ganhou por 5-1" (Maio 1911)
Foto de Joshua Benoliel, in Arquivo Municipal de Lisboa

Vila Ana e Vila Ventura ao fundo, no canto superior esquerdo da foto.



Os donos da Vila Ana e da Vila Ventura eram… (…) Aquelas duas casas foram construídas por um brasileiro... brasileiro, portugueses que estiveram no Brasil… Inclusivamente, que era um que era o Sr. Ventura e era a Sra. Ana… dois irmãos, e deram o nome depois de Vila Ventura e de Vila Ana, do nome de cada um deles… esses Venturas eram na família Barros… Barros ou Macedo?
Ora vamos lá ver, esses, por sua vez, eram filhos de um senhor que…
(...) foi governador do Recife e que tem a maior avenida do Recife, que bordeja o rio onde fica o Recife, tem o nome dele até, que é um nome que eu não me lembro agora. Esse indivíduo, depois, veio para cá, fez essas casas, deu o nome dos filhos e, curiosamente, essas duas casas eram de uma tia minha, tia-avó… Que é Ana Barros Lamas, era Ana Macedo de Barros… Depois casou com um meu tio-avô, Pedro Lamas, e ficou Ana Macedo de Barros Lamas… Eu não sei, portanto, se ela era Macedo se era Barros, parece-me que era Macedo, tenho a impressão.
(...) e uma filha desses meus tios-avós morreu agora no dia 8 de Dezembro, no dia em que fazia 103 anos… Que era a minha madrinha, prima direita do meu pai, minha madrinha.

(...)


"Vila Ana e Vila Ventura" (Dezembro 2002)
Fotografias de PJPAB in Panoramio



Quando nós viemos, portanto, para a Pontinha, para Benfica… Vagou um andar numa dessas casas, na Vila Ventura, o 1º Dto., e então nós fomos viver para lá, que era casa ainda da família, dos meus tios.

Essas casas depois passaram… Aliás, tudo quanto era dessa prima do meu pai e minha madrinha, ficou tudo para o linhaque de Barros, que eram primos como nós exactamente, mas do lado de Barros, que eram para ela como se fosse… eram os filhos que ela não teve. Morreu solteira e agarrou-se sempre àqueles meninos, aqueles primos que eram uns filhos que ela não teve autenticamente… por isso tudo quanto era Lamas, tudo quanto era Barros, ficou para eles… que gozem, que é o que é preciso, não é.


E ali tinha uma coisa engraçada… O nosso quarto, meu e do meu irmão mais velho, era um torreão que há, que tem as janelas eram um óculo, assim redondo, e aquilo era formidável. Nós daquele óculo víamos, em dias limpos, via-se o Castelo da Pena… E quando foi do fogo, do incêndio que houve no Palácio de Queluz, nós dali víamos perfeitamente o fogo no Palácio de Queluz. Também de lá de cima, víamos… também ainda não havia casas tão altas… de maneira que ainda se via tudo até lá ao fundo, víamos o fogo no Palácio de Queluz. Era uma coisa curiosa!"
**


** In Entrevista a João António Lamas








"Quando for consumido o fruto da última árvore
e envenenado o último rio,
o Homem descobrirá que não se come dinheiro."

Carlos Drummond de Andrade



É uma das últimas inquilinas da Vila Ventura e uma "personagem" extraordinária com quem tenho tido o grato prazer de conviver nestes dias. Uma senhora única, a quem a definição de "mãe-mulher-coragem" se aplica de uma forma absoluta.

Infelizmente, a sua importante história de vida e fotos (não tiradas) do que ontem me fez visitar ficarão para todo o sempre guardados apenas na minha memória, dado que tenho que respeitar o facto de não os querer ver partilhados com o mundo (e a internet). Talvez um dia...


segunda-feira, 28 de dezembro de 2009

Salvem a Vila Ana e a Vila Ventura!




A Vila Ana e a Vila Ventura, localizadas no Nº 674 da Estrada de Benfica, são dois edifícios centenários, representativos das chamadas 'Casas do Brasileiro' e um dos últimos testemunhos arquitectónicos das casas apalaçadas e quintas através das quais a freguesia de Benfica era conhecida no século XIX, constando no "Inventário Municipal de Património", anexo ao PDM de Lisboa (apesar de não se encontrarem ainda classificadas pelo IGESPAR).

No seguimento de uma vistoria realizada pela Câmara Municipal de Lisboa no início de 2009, a qual manifestou a intenção de ir intimar à realização de obras de conservação destes dois imóveis; os seus proprietários manifestaram agora discordância quanto à inclusão destes edifícios no Inventário Municipal de Património, apresentando dois pareceres técnicos sobre o assunto... muito possivelmente com o intuito de especularem em termos imobiliários sobre estes dois imóveis.

Se acredita que a Vila Ana e a Vila Ventura devem ser preservadas como símbolo da memória histórica da freguesia de Benfica...

Se acredita que estas duas Vilas deveriam ser dignificadas através de um projecto que as colocasse ao serviço da comunidade...

Junte-se a esta Causa e ajude-nos a divulgá-la!






sábado, 26 de dezembro de 2009

A SCIPAT







"Descoberto em Portugal o princípio novo em descasque que permitia uma separação nítida da polpa da casca dos frutos verdes, e conhecido como era o seu valor económico na sua aplicação ao descasque das bananas verdes, demonstrada a eficácia deste princípio em aparelhos de laboratório expressamente construídos para esse fim, fez-se a primeira máquina experimental.


(...)

Para a exploração industrial das patentes internacionalmente registadas, que a estas máquinas dizem respeito, para a sua construção em série, e, de uma maneira geral, para tudo quanto se ligue à cultura, indústria e comércio dos produtos das plantações de bananeiras, constitui-se por escritura pública de 22 de Junho de 1933 a SCIPAT - Sociedade Comercial e Industrial de Produtos Alimentares Tropicais (...)" *









A SCIPAT possuía um conjunto de instalações fabris composto por 12 edifícios, o maior dos quais ocupava uma área de 500 m2, situados a meia encosta da serra de Monsanto e "(...) construídos desde os alicerces conforme um plano maduramente ponderado, segundo os mais modernos preceitos da higiene do trabalho, cheios de luz e do ar puro da serra, separados uns dos outros por largos espaços ajardinados, oferecem aos operários que neles trabalham condições de comodidade e de bem-estar pouco vulgares. Com prazer temos constatado que estas condições se reflectem beneficamente, por uma forma palpável, na saúde do operariado e no rendimento do trabalho." *







Os principais ramos de actividade da SCIPAT prendiam-se com:

"(...) - Produção em série de dois modelos da máquina cortadora-descascadora de banana verde;

- Produção de farinhas alimentares;

- Produção de "tourteaux" para alimentação de gado;

- Estudos especulativos sobre a possibilidade de novas aplicações da farinha de banana e aproveitamento dos sub-produtos da cultura da bananeira;

- Propaganda e reclame dos seus produtos."
* (dos quais podemos ver um exemplar aqui).







Todas as imagens e Texto (*) em "Uma nova Agricultura Colonial intensiva e uma nova Indústria". Lisboa: SCIPAT, 1933.

[livro disponível para venda na "Ulmeiro/Livrarte"]





sexta-feira, 25 de dezembro de 2009

"Poema de Natal"





Paris, Janeiro 2003



"Para isso fomos feitos:
Para lembrar e ser lembrados

Para chorar e fazer chorar

Para enterrar os nossos mortos —

Por isso temos braços longos para os adeuses

Mãos para colher o que foi dado

Dedos para cavar a terra.


Assim será nossa vida:

Uma tarde sempre a esquecer

Uma estrela a se apagar na treva

Um caminho entre dois túmulos —

Por isso precisamos velar

Falar baixo, pisar leve, ver

A noite dormir em silêncio.


Não há muito o que dizer:

Uma canção sobre um berço

Um verso, talvez de amor

Uma prece por quem se vai —

Mas que essa hora não esqueça

E por ela os nossos corações

Se deixem, graves e simples.


Pois para isso fomos feitos:

Para a esperança no milagre

Para a participação da poesia

Para ver a face da morte —

De repente nunca mais esperaremos...

Hoje a noite é jovem; da morte, apenas

Nascemos, imensamente."




Vinícius de Moraes




quinta-feira, 24 de dezembro de 2009

Vestígios do Natal - 4




A Dª. E. ia passar a noite de Natal sozinha (só se encontrando com a família no dia seguinte).

Convidei-a para passar o Natal connosco, mas não quis.

Este final de tarde, antes da consoada, passei por lá, para lhe dar um beijinho de boas festas, oferecer um bolo-rainha e deixar umas mantinhas para os gatos se aquecerem.





quarta-feira, 23 de dezembro de 2009

terça-feira, 22 de dezembro de 2009

A "Mãe-Coragem"








Quando por ali passei esta manhã, vislumbrei-a no seu jardim, atarefada, limpando as folhas que teimavam em tombar com o vento cortante que fazia.
Alheada nos meus pensamentos hesitei e prossegui em frente. Depois parei, voltei para trás e dei comigo a dizer-lhe: - "Bom dia! A senhora mora aqui?"

Nessa altura, começou a chover e ela convidou-me para entrar. Ficámos ali, na soleira da porta, no hall que dá acesso a todos os andares. Chão em mosaico antigo desenhado a cor bordeaux e branca, escadas de madeira envelhecida e tectos ricamente trabalhados.

Falámos, durante mais de duas horas, sobre Benfica, a Vila Ana e da Vila Ventura, os animais e sobre a vida em geral.
A dada altura, quis mostrar-me o seu quintal, nas traseiras.

Enquanto colhia algumas ervas aromáticas nas traseiras, convidou-me a voltar num outro dia, para me mostrar o interior da sua casa, com mais tempo e tranquilidade.

E, no final, à despedida, não se conteve e disse-me: - "Foi bom encontrá-la, assim, no Natal... ficarmos amigas e podermos falar!"







A "Mãe-Coragem" é uma das habitantes da Vila Ventura, situada no nº 674 da Estrada de Benfica.

A Vila Ana e a Vila Ventura são património de interesse municipal, por serem 'Casas do Brasileiro', representativas de uma época e de um tipo de construção muito característico... mas continuam há largos anos votadas à degradação pelos seus proprietários.

Em 2010, a Vila Ventura fará 100 anos. Idade que a Vila Ana (onde viveu Spínola em criança) já alcançou, como nos dizia, esta manhã, a "Mãe-Coragem".

Depois da nossa "luta" por descobrir o que, realmente, se passava com estas casas, junto das instâncias competentes, conseguimos que fosse efectuada uma vistoria a ambas, a qual manifestou a intenção de ir intimar os seus proprietários à conservação das mesmas.

Desde então, a situação permanece idêntica, se não (bem) pior!...
Até quando?







Como os interesses económicos (e imobiliários) eram outros, ali bem ao lado, nas traseiras da Vila Ana e da Vila Ventura, foi, há algum tempo atrás, construído um bloco de prédios modernos, à frente do qual se ergueu rapidamente um bonito jardim (apenas visível para os habitantes dos citados prédios).






Enquanto isso, o interior da Vila Ana, de janelas bem abertas a quem por ali passe, encontra-se neste estado avançado de putrefacção.

Porque não deixarmos, por breves momentos, de lado os interesses (económicos) que, verdadeiramente, movem este mundo e pensarmos em soluções concretas e mais humanistas, no que diz respeito à recuperação dos imóveis de interesse histórico para a nossa cidade (ainda que com proprietários particulares)?!





segunda-feira, 21 de dezembro de 2009

III Corrida de S. Domingos de Benfica







Como forma de promover e diversificar a oferta desportiva, a Junta de Freguesia de São Domingos de Benfica organiza a 3ª edição da "Corrida de São Domingos de Benfica", que se realizará no próximo dia 3 de Janeiro de 2010 pelas 10 horas.

A prova de nove quilómetros, tem inicio junto ao Jardim Zoológico de Lisboa em Sete Rios e percorrerá as principais artérias da Freguesia de São Domingos de Benfica. Junta de Freguesia de São Domingos de Benfica em movimento...






domingo, 20 de dezembro de 2009

"Viva Social"




A grande maioria dos residentes de Benfica já deve ter visto esta carrinha parada, aos sábados de manhã, ali mesmo em frente à Pastelaria "Nilo".

Eis o projecto...


Fotografia da autoria de "Viva Social"



A "Viva Social - Apoio Comunitário próximo" é uma empresa, criada em Março de 2009, que delineou um serviço inovador que possibilita às empresas e organizações em geral exercerem a "Responsabilidade Social" sem custos directos, investindo em "comunicação"; tendo, como contrapartida, a prestação de um serviço de "acção social" gratuita para os seus utilizadores (suportado pela prestação do “serviço de comunicação” realizado com base nos processos emergentes das actividades realizadas junto dos seus beneficiários).

A principal missão da Viva Social é a do apoio comunitário gratuito em saúde social, apoiando as pessoas com necessidades de mobilidade, de socialização e de saúde primária, contribuindo, assim, para o seu bem-estar físico e psíquico, combatendo e reduzir a pobreza e a exclusão social. Traduzindo-se a sua missão no objectivo a médio e longo prazo de "prevenir situações de dependência e promover a autonomia de modo a evitar a institucionalização das pessoas".



"21 de Novembro - Visita ao Museu da Electricidade"
Vídeo da autoria de "Viva Social"



Através das suas UMIP - Unidades Móveis de Intervenção Próxima (constituídas por equipas de técnicos especializados em saúde primária e social - enfermeiros, psicólogos, sociólogos), que circulam sempre na sua zona de intervenção, parando, mensalmente, em mais de 30 dos locais de maior afluência populacional, são atendidas as pessoas interessadas, para informar e avaliar indicadores sociais de saúde (controlo de diabetes, colesterol, tensão arterial, índice de massa corporal, osteoporose, visão, audição, dentição, estado psico-social, etc.).

Enquanto se realizam estas "acções sociais" junto dos interessados, são, também, divulgadas as ideias, os serviços e os produtos que os parceiros e associados deste projecto querem dar a conhecer ao cidadão em geral.

Paralelamente, estas carrinhas transportam crianças e pessoas com dificuldades de mobilidade a acções de sociabilização, informação em cuidados de saúde ou eventos culturais, recreativos, passeios, etc.

A "Viva Social" acredita que é indispensável a participação da comunidade para que se consigam desenvolver projectos de acordo com o propósito de cada causa; sendo, neste sentido, que tem levado a cabo este seu inovador projecto.







sexta-feira, 18 de dezembro de 2009

6 anos antes...




A fotografia do post anterior datava de 1965. Seis anos antes dessa data, já outros jovens da freguesia brilhavam no Ringue de Hóquei em Patins do Sport Lisboa e Benfica, na Av. Gomes Pereira.




"Carlos ao centro, com 15 anos" (1959)

Fotografia gentilmente cedida por Jorge Resende




O nosso leitor Jorge Resende remeteu-nos esta fotografia com um pedido muito especial a ela associado:


"(...) aqui da Madeira continuo a acompanhar com gosto as suas actualizações, e gostava de lhe enviar uma foto de 1959. Também foi tirada no ringue de patinagem da sede do Benfica na Av. Gomes Pereira.

O meu irmão foi guarda redes do Benfica, Júniores, na foto, ao centro, de seu nome Carlos Jorge Resende, estando ladeado à direita dele pelo filho de um Sr. que foi durante muitos anos porteiro do cinema e das instalações do Benfica, e à esquerda do meu irmão um jovem de nome Gomes Pereira, o qual viveu durante muitos anos no prédio onde foi a Junta de Freguesia de Benfica, na Estrada de Benfica quase ao lado da Travessa do Rio.


Do meu irmão vou sabendo, mas os outros? Que caminhos percorreram? Será que ainda vivem? Oxalá! (...)"



Uma vez que este blog já permitiu um reencontro familiar e algumas re-descobertas de amizades de infância, quiçá não se vá dar o caso de algum dos fotografados vir a ler este post.







quinta-feira, 17 de dezembro de 2009

Equipa de Juvenis de Hóquei em Patins do S.L.B. (1965)




No seguimento do testemunho que aqui nos foi deixado por um dos nossos leitores, complementamos hoje essas memórias com um registo fotográfico da época.




"Equipa de juvenis de hóquei em patins do S. L. Benfica, no Ringue da Av. Gomes Pereira" (1965)

Fotografia gentilmente cedida por Vítor Filipe




Em cima da esquerda para a direita: Joel Rodrigues, Gouveia, Venâncio e Carlos Gomes.

Em baixo pela mesma ordem: Vitor Filipe, Augusto Botas, Melquiades e Alfredo.









quarta-feira, 16 de dezembro de 2009

Bratislava por 2 dias




Ausência de Benfica (e, consequentemente, deste blog) por 2 dias, para participar numa reunião em Bratislava.

Restam as fotos... e uma nova concepção do significado da palavra "frio"...

















sábado, 12 de dezembro de 2009

A Procissão




Esta noite...




Rua João Ortigão Ramos



Rua Jorge Barradas



Estrada de Benfica - entrada na Igreja de Nossa Senhora do Amparo




Estrada de Benfica - entrada da Imagem de Nossa Senhora do Amparo na Igreja de Benfica




Procissão com a Imagem mais antiga de Nossa Senhora do Amparo, por ocasião das comemorações do 200º aniversário da Igreja de Benfica.










quinta-feira, 10 de dezembro de 2009

E fez-se luz!...







Naqueles dias, os habitantes andavam surpreendidos com o facto das iluminações de Natal da freguesia, naquele ano, parecerem ser apenas virtuais e nunca mais se acenderem E, por onde quer que se andasse, nas ruas, não se ouvia falar de outra coisa, havendo até quem já fizesse apostas sobre a data exacta em que as iluminações de Natal de Benfica ganhariam luz.

Há algumas semanas atrás, haviam instalado uma imensa árvore de Natal eléctrica, qual (intrigante) instalação de arte moderna, na confluência da Av. do Uruguai, da Estrada de Benfica e da Av. Gomes Pereira... mas a luz, essa, continuava desligada.

Em São Domingos de Benfica, apesar de singelas, as iluminações de Natal já haviam ganho vida há quase 2 semanas.

E, finalmente, esta noite, fez-se luz em Benfica!...









segunda-feira, 7 de dezembro de 2009

"As melhores fotografias da Lisboa Desaparecida"






Imagem disponível in "Lisboa Desaparecida"




Esta 4ª feira, às 19h, será lançado, na Livraria BookHouse do Monumental, o livro "As melhores fotografias da Lisboa Desaparecida", homenageando, assim, um quarto de século da publicação dos primeiros textos, muito antes do lançamento do primeiro livro dessa série e ainda nas páginas de jornais diários ou semanários.

A autora estará presente no local para uma sessão de autógrafos.

Um evento a não perder, para todos os amantes de Lisboa!






sábado, 5 de dezembro de 2009

A Drogaria




(por Alexandra Carvalho)





"Droga designava primitivamente toda a substância orgânica ou inorgânica
empregada como ingrediente de tinturaria, química ou farmácia.


De droga formou-se drogaria.


É interessante seguir ao longo do tempo

a evolução semântica de palavra drogaria.


Drogaria significava inicialmente uma colecção de drogas.

De colecção de drogas passou a designar o local onde se guardavam as drogas

e, finalmente, o comércio de drogas.


Actualmente chamamos drogaria ao estabelecimento comercial

onde se vendem medicamentos e outros produtos acabados,

como cosméticos e perfumarias, prontos para serem usados".


In "Liguagem Médica - Droga, Fármaco, Medicamento, Remédio"





Fotografia de Alexandra Carvalho (2009)


Ao passarmos pela montra do Nº 692A da Estrada de Benfica, jamais imaginaríamos que nos encontrávamos perante uma das mais antigas Drogarias da freguesia de Benfica.

Entramos e ficamos deslumbrados com a infinidade de produtos diligentemente arrumados nas paredes-montra que forram toda a loja.
Aí descobrimos o restaurador Olex, o sabonete Feno, o Ach Brito e a famosa pasta medicinal Couto - uma série de produtos de outros tempos, que hoje continuam a fazer a mística de jovens que nunca os conheceram ou utilizaram sequer (desde a abertura da loja "A Vida Portuguesa" de Catarina Portas), mas também a de "(...) clientes que repetem e só querem aqueles produtos antigos", como nos diria o proprietário desta Drogaria.

Procurámos esta loja por outros motivos (pessoais), mas não resistimos a fazer uma mini-entrevista com os seus proprietários, para aqui deixar o testemunho neste blog.



Fotografia de Alexandra Carvalho (2009)



Aí estabelecidos desde 5 de Maio de 1962, o Sr. Fernando e a Dª. Natália são os anfitriões, que nos recebem com uma simpatia inigualável.
Ela com o seu sorriso de menina, a desenhar-lhe o rosto de bondade. Ele com os seus olhos azuis marejados de lágrimas, sempre que se emociona.

O Sr. Fernando e a Dª. Natália trabalham nesta Drogaria há 47 anos, a qual tem ainda muitos clientes regulares das imediações, assim como dos Bairros das Pedralvas, Charquinho e Santa Cruz.

Clientes que se habituaram a encontrar nesta loja tudo aquilo de que necessitam, sobretudo, ao nível do factor humano, como nos explica o Sr. Fernando: "(...) o cliente aqui fala connosco, nos supermercados fala com as prateleiras. E então a pessoa sempre se abre, sempre conta o passado dela, sempre conta a vida dela, sempre desabafa connosco e, praticamente, é como uma família!"



Fotografia de Alexandra Carvalho (2009)


O aparecimento de alguns supermercados na zona e o início das obras para construção da CRIL ali mesmo, às Portas de Benfica (com a consequente demolição do Bairro das Fontaínhas e do Bairro da Azinhaga dos Besouros), "roubaram" muitos clientes ao Sr. Fernando e à Dª. Natália.

Mas não é por isso que eles não vêem com bons olhos as mudanças que têm ocorrido na freguesia. Consideram Benfica melhor e mais desenvolvida do que noutros tempos e relembram com entusiasmo o facto dos terrenos por detrás da sua loja, onde outrora existiu a Fábrica de Tintas Atlantic, terem dado origem à construção de 52 prédios.



"Fernando Figueiredo, dono de uma drogaria em Benfica
onde ainda se vende a pasta medicinal Couto que comemora o seu 75º aniversario"
Fotografia de Mário Cruz (Lusa), 07/04/07, disponível in "Fotos Lusa"



Duas ou três das restantes Drogarias que ainda existiam em Benfica, com quem era hábito trocarem os seus produtos (numa forma de comércio bastante saudável e sem quaisquer rivalidades), fecharam, por morte dos seus proprietários.

Mas a sua Drogaria ali permanece... uma das últimas e das mais antigas.

Perante o meu fascínio com a máquina registadora da Drogaria, o Sr. Fernando aproveita para contar que, há uns anos atrás, lhe apareceram ali na loja uns jornalistas, a querer filmar tudo e "(...) até me fizeram subir e descer ali as escadas várias vezes". Depois, o artigo saiu em alguns jornais, que o Sr. Fernando ainda guarda religiosamente (e dos quais aqui publicamos algumas das fotografias recolhidas nessa época).

Muitos dos seus clientes costumam dizer-lhe "Ah, não feche isto, não feche porque faz muita falta!".
Mas, quando o interrogamos sobre o futuro do seu negócio e se algum dos seus descendentes retomará o que iniciaram, o Sr. Fernando diz-nos: "(...) A minha filha tem o seu emprego, não é?! Trabalha na Carris já há uns anos, ainda era solteira. Os meus netos querem estudar e não é para depois trabalharem num balcão de drogaria. Nem eu gostava, para já! E agora para o futuro, eu já disse à minha mulher, em chegando aos 75 anos, eu tenho 73... não vou morrer aqui, não é?!"



Fotografia de Alexandra Carvalho (2009)



Nesta freguesia que, há 47 anos atrás, também escolheram para residir, a Dª. Natália relembra que o espírito da vida de bairro já não é o mesmo: "(...) Mas não é como era! Mudou. É que, realmente, é lógico que as coisas aconteçam assim. Porque dantes era, realmente, as pessoas que foram aqui muitos anos habituadas. (...) elas acabaram, realmente, coitadas, por morrer, e os filhos já não continuaram os hábitos dos pais. E então já se tornou muito diferente. Porque enquanto dantes não havia tantos carros para se deslocarem, havia mais convívio, com essas pessoas de mais idade. Agora não! Cada um tem o seu carro, vão se expandir para onde querem e lhes apetece. É muito diferente! Nesse aspecto é que é muito diferente! Já não há o convívio, nem aquela amizade que havia."

Ainda assim, Dª. Natália não trocaria esta freguesia por outro local, como nos conta: "Eu gosto muito de Benfica! A minha filha vive em Vale de Milhaços e eu quando lá vou, ela até tem uma casa grande, que um dia que uma pessoa necessite realmente pode ir para lá... mas eu digo que tirem-me tudo menos a minha casa de Benfica!"



"Fernando Figueiredo e a mulher, donos de uma drogaria em Benfica
onde ainda se vende a pasta medicinal Couto que comemora o seu 75º aniversario"

Fotografia de Mário Cruz (Lusa), 07/04/07, disponível in "Fotos Lusa"



A Drogaria do Sr. Fernando e da Dª. Natália constitui um dos últimos redutos do comércio tradicional de bairro, na freguesia de Benfica.

Um espaço muito especial a ser visitado, em particular pela atenção e simpatia com que somos recebidos!





quinta-feira, 3 de dezembro de 2009

Vestígios do Natal - 2






Estrada de Benfica
(junto ao Restaurante "Edmundo")






quarta-feira, 2 de dezembro de 2009

O Cinema do S.L.B.




Neste blog, que pretendemos que se transforme, cada vez mais, num blog comunitário (onde a participação e contributo de todos os habitantes e ex-habitantes desta freguesia é uma mais-valia basilar), deixamos hoje mais um testemunho de um dos nossos leitores (a quem muito agradecemos!).

Um testemunho sobre um edifício e local que marcaram toda uma geração e continua a ser fruto de ternas memórias.




"Cinema Sport Lisboa Benfica" (sem data),
Vasques in
Arquivo Municipal de Lisboa




"Tomo a liberdade de lhe enviar este mail que achei interessante, principalmente a foto que se refere ao Cinema do S.L.B., local onde hoje funciona a Junta de Freguesia; foi o cinema onde a grande maioria dos habitantes do bairro pela 1ª vez assistiu a um filme.

É um lugar cheio de história do bairro de Benfica, funcionava no local a sede do Sport Lisboa em Benfica, tinha um ringue onde a modalidade de excelência era o hóquei em patins, por lá passaram grandes glórias desse desporto que foi, a par do futebol, o mais popular em Portugal, entre os anos 40 e 80; por lá passou o maior hoquista mundial de todos os tempos António Livramento, por lá passou António Lobo Antunes que também praticou a modalidade. Também por lá passei eu, num plano bem mais modesto, pois joguei hóquei desde os 12 anos aos 18 no S.L.B., e onde fiz muitas amizades que perduram até hoje.

No edifício existiam várias salas onde se podia jogar às cartas, xadrez, damas, ping-pong, bilhar, matraquilhos, existia também um ginásio, e um pequeno café. No verão havia cinema ao ar livre no ringue, e onde hoje é a piscina era um campo de tiro ao arco.

Outra faceta que para mim tem um significado muito especial eram os bailes que se realizavam na sala de cinema no fim do ano e Carnaval, foi lá que conheci a minha mulher em 1967 num baile de Carnaval, uma menina do Calhariz de Benfica com a qual continuo casado e namorando.

Cumprimentos
Vitor Filipe"





terça-feira, 1 de dezembro de 2009

domingo, 29 de novembro de 2009

200 anos da Igreja Paroquial de Benfica




" Igreja de Nossa Senhora do Amparo, mais conhecida por igreja de Benfica, fachadas principal e lateral" (19?),
Paulo Guedes in Arquivo Municipal de Lisboa



[clicar para ampliar e ler o programa das comemorações]






Antes da existência da actual Igreja de Benfica (ou de Nossa Senhora do Amparo), inaugurada a 10 de Dezembro de 1809, existiam duas outras igrejas, situadas sensivelmente no mesmo sítio, constituindo o lugar de culto da Paróquia de Benfica.

As obras para a construção da Igreja de Nossa Senhora do Amparo, em Benfica, iniciaram-se a 29 de Agosto de 1750, com um projecto do Mestre João Frederico Ludovice, arquitecto do Convento de Mafra.
Os donativos para a realização desta obra foram reais e populares.

Possivelmente por falta de recursos, a obra parou em Dezembro de 1754; tendo, 1755, o Terramoto vindo pôr à prova a solidez da construção.

Só em 28 de Março de 1780 as obras recomeçaram, agora sob a direcção de mestre João Gomes. A construção do novo templo tornar-se-ia uma história muito acidentada, em parte certamente porque o projecto era dispendioso demais para uma população rural de umas 4000 pessoas. Só em Setembro de 1809 se faria o arranque final das obras, com os trabalhos concentrados na capela-mor.

Considerada como concluída no início de Dezembro de 1809, a nova igreja é, finalmente, sagrada com os ritos previstos nos livros litúrgicos. Estes começaram a 10 de Dezembro de 1809, sob a presidência de D. Frei Joaquim de Menezes e Ataíde, bispo de Meliapor, com licença do Partriarca-Eleito de Lisboa, D. António de S. José e Castro, até então bispo do Porto.

Mas, com a sagração da nova Igreja, não cessaram de todo as obras. Entre 1811 e 1813, procede-se ao arranjo do guarda-vento. Em 1840 ergue-se a torre do lado nascente, ficando a do lado poente por construir. Nela se montou um relógio em 1923.

A 1 de Outubro de 1890 a Irmandade do Santíssimo Sacramento, autorizou a construção de um coreto no adro da Igreja. Só em 1900 é que viria a ser construído. O coreto tinha a base em forma octogonal e a cobertura era de ferro, com aspas pintadas.
Em 1958, a sacristia do lado nascente é transformada em Capela Mortuária.

A Igreja de Nossa Senhora do Amparo apresenta uma fachada de três corpos e uma torre. A planta é de uma só nave, possuindo quatro capelas laterais com telas de Pedro Alexandrino.
O adro do lado nascente é enobrecido por um belo cruzeiro, que provinha da Igreja velha. O adro do lado poente cedeu parte do seu espaço, a norte e poente, para a construção do Centro Paroquial, entre 1959 e 1964.



Bibliografia consultada:

Website da Paróquia de Benfica
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"História da Arquitectura - Lugar de Benfica". Trabalho realizado por Jorge Marcelo, Maria Margarida Lima e Maria Rita Dias Pinheiro (1989).







sábado, 28 de novembro de 2009

O Natal chegou a Benfica...








... E qual não foi o meu espanto esta manhã, quando ao alcançar a confluência da Estrada de Benfica com a Avenida do Uruguai, me deparei com esta moderna árvore de Natal.

A sua iluminação ainda não se encontra efectuada mas, pelo menos, este ano, teremos iluminações bem diferentes.