domingo, 15 de fevereiro de 2009

Salvem a Vila Ana e a Vila Ventura!



18/01/08



"(...) e fomos viver para um dos andares de uma das duas casas casas iguais, uma chamada Vila Ana outra chamada Vila Ventura, na Estrada de Benfica... quem vai no sentido das Portas [de Benfica], do lado direito.
Essas duas casas são curiosas pela singularidade, no fundo são das chamadas 'Casas do Brasileiro'. E por isso mesmo estão actualmente 'tombadas' como dizem no Brasil, estão consideradas como imóveis de interesse municipal, não podem ser deitadas abaixo... podem ser deitadas abaixo no interior, mas exteriormente têm que ficar com aquele mesmo aspecto. Justamente por serem 'Casas do Brasileiro', representativas de uma época e de um tipo de construção muito característico naquela altura, um quase chalet, porque a época é quase coincidente com a dos célebres chalets franceses. E as casas do brasileiro são quase todas nesse género.
E então, como é um par simétrico... par que não foram construídas exactamente gémeas... Eu tenho uma fotografia... nem sei onde, tenho-a para ali... inclusivamente duas fotografias antigas, em que numa delas se vê ainda só uma das casas e depois noutra fotografia já se vêem as duas. Fotografias da época da construção portanto (...)"

Entrevista a João António Lamas (realizada a 17/03/08).








Em início de 2008, enveredei uma longuíssima troca de e-mails a propósito do destino da Vila Ana e da Vila Ventura (dois palacetes, em plena Estrada de Benfica, que me fascinam desde criança)...

Esta troca de e-mails iniciou-se com a Junta de Freguesia de Benfica (curiosamente, com a entidade em si mesma, uma vez que os e-mails não são sequer assinados por nenhum funcionário!)...







De onde fui reencaminhada para o Departamento do Património Imobiliário - DPI da Câmara Municipal de Lisboa (como viria a saber, mais tarde, erradamente!)...

Apesar de tudo, como sou teimosa, ainda insisti com a Junta de Freguesia de Benfica, tentando saber quem seriam os proprietários de tais palacetes, dado que os mesmos até são apresentados no website desta edilidade como património histórico da freguesia...







Com o DPI, tive que enviar duas vezes o mesmo e-mail, para conseguir finalmente que me informassem que a Junta de Freguesia de Benfica me havia informado erradamente e que eu deveria entrar em contacto com o Departamento de Conservação dos Edifícios Particulares - DCEP da Câmara Municipal de Lisboa.








Com o DCEP, desde o primeiro e-mail que enviei a este Departamento, a 01/07/08, iniciou-se um profundo "monólogo", a que se seguiram 4 e-mails que enviei com o mesmo assunto (a 09/09/08, 08/11/08, 20/11/08 e 12/01/09), sem nunca sequer obter qualquer tipo de resposta, mas continuando persistentemente à espera de um "milagre".









Face ao monólogo que tenho mantido com o DCEP da Câmara Municipal de Lisboa, apenas posso depreender que, de facto, qualquer cidadão empenhado, que queira ver modificada uma situação na cidade em que vive e para a qual contribui com os seus impostos, é pura e simplesmente ignorado pelos serviços demasiado burocratizados para concederem uma simples resposta a quem quer que seja!

No entanto, como não me deixo vencer muito facilmente, apresentei a minha estocada final, a 14/01/09, com o envio de um e-mail de reclamação dirigido ao próprio Director Municipal de Conservação e Reabilitação Urbana da Câmara Municipal de Lisboa (do qual depende o Departamento de Conservação dos Edifícios Particulares, que me tem deixado a "mandar mails e a falar sozinha").





Paralelamente, e (já) sem grande esperança, a 28/01/09, enviei um e-mail idêntico ao Centro de Atendimento ao Munícipe da Câmara Municipal de Lisboa... para o qual obtive resposta passados dois dias (sendo que, curiosamente, reencaminharam a minha reclamação para o DCEP - o mesmo Departamento com quem tenho mantido o infindável monólogo apresentado acima).





A Vila Ana e a Vila Ventura são dois palacetes, que datam do início do século XIX, inseridas na Carta Municipal do Património da cidade de Lisboa (sob os artigos 08.04 e 08.05), apesar de serem propriedade de terceiros.

Nesse sentido, enquanto imóveis de interesse municipal, as suas fachadas não podem (nem devem) por lei ser destruídas, preservando-se assim a sua importância histórica.
Porém, ao não efectuarem obras nas mesmas, votando-as ao abandono e degradação, os seus proprietários estão a ser cúmplices das grandes imobiliárias e construtoras que aí pretendem alargar o seu campo de acção.

Se os deixarmos assim (livremente) agir, estaremos, também nós, a ser cúmplices da destruição do nosso património!


Salvem a Vila Ana e a Vila Ventura!!!





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