domingo, 21 de fevereiro de 2010

Figuras de Benfica - 5





"Olá Alexa...

Fiz esta pequena biografia de um ilustre benfiquense... Morou na Estrada do Calhariz de Benfica, onde é actualmente a Liga para a Protecção da Natureza... Sempre teve a humildade de evitar protagonismos sociais, chegando a recusar um titulo nobiliárquico, desculpando-se que a nobreza é inerente às pessoas e não a títulos, alegou também nessa ocasião que a sua linhagem era mais antiga do que a linhagem real...


Foi esquecido pela História, embora tenha contribuído muito, e em vários planos, para os destinos da nação... sempre se distinguiu naturalmente em todos os projectos em que se envolveu, é um exemplo de determinação e rectidão que todos deveríamos seguir e recordar... embora não o tenha conhecido, recebi muitos ensinamentos desta ilustre personagem, tenho-lhe portanto muito carinho e respeito...



Com LUZ


GASTÃO



Ah!!! Na fotografia de grupo é o que está sentado ao lado esquerdo do príncipe D. Luís..."







General ALFREDO AUGUSTO FREIRE DE ANDRADE

(1859-1929)



Fotografia gentilmente cedida por Gastão de Brito e Silva



Nasceu em 19 de Dezembro de 1859, na Figueira da Foz, filho do vice almirante Bento Maria Freire d’ Andrade e de Amália Antas Tinoco, casou com Virgínia Pery de Linde de quem teve quatro filhos.

Frequentou, a partir de de 1874, a Escola Politécnica e a Escola do Exército. Cursou ainda a Escola de Minas de Paris, que concluiu, em 1888 tendo-se distinguido como melhor aluno estrangeiro do seu curso.

No fim do curso, em 1889, foi nomeado comissário geral de minas de pedras preciosas e de metais preciosos na província de Moçambique, aproveitando a oportunidade para recolher elementos para a sua carta geológica não só das minas de Moçambique, como também de Rande e de Joanesburgo.

Oficial do Exército na arma de Engenharia. Foi governador interino de Lourenço Marques em 1892 e 1895, comandou a campanha do Transvaal que delimitou a Sul as fronteiras de Moçambique, teve uma heróica actuação em Magul, com um punhado de soldado desbaratou 6500 vátuas impondo-lhes uma derrota avassaladora.



Fotografia gentilmente cedida por Gastão de Brito e Silva



Governador geral de Moçambique desde 1906 e tendo exercido o cargo até 1910, tendo investido durante este período na construção de edifícios públicos, hospitais, faróis e escolas. Dentro destas últimas destacamos a criação da Repartição de Agricultura e Veterinária, a primeira Estação de Investigação Agronómica da província, oficinas mecânicas, entre muitas outras coisas. Realizou pois um conjunto de melhoramentos da província ultramarina mas sem auxílio da metrópole, apoiando-se apenas nos recursos obtidos por uma rigorosa economia na administração da colónia.

Em 1908 tornou-se professor da cadeira de Mineralogia da Escola Politécnica.
Manteve-se no governo de Moçambique até à implantação da República, data em que se demitiu, passando a dedicar-se ao ensino na Escola Politécnica, até perto da data de sua morte.

Entre 1911 e 1913, desempenhou o cargo de director geral das Colónias. Daí subiu à pasta ministerial dos Negócios Estrangeiros, em 1919 foi o delegado português à Conferência da paz em Versalhes em 1919, membro da Comissão dos Mandatos da Sociedade das Nações, presidiu em 1921 a comissão que negociou com África do Sul onde defendeu eficazmente os interesses do País.

Foi também presidente da Companhia dos Carris de ferro de Lisboa, lente da Escola do Exército, professor catedrático de Mineralogia e Geologia na Escola Politécnica de Lisboa, membro da Academia de Ciências de Lisboa, Secretário-Geral do Ministério de instrução Pública, Presidente do Conselho Superior de Instrução Pública, na qual foi empossado em Março de 1914, mantendo-se até 12 de Dezembro desse ano.



Fotografia gentilmente cedida por Gastão de Brito e Silva



Fez ainda parte da Comissão dos Mandatos criada pela Sociedade de Geografia e do Bureau International du Travail junto da Sociedade das Nações.
Recebeu diversas condecorações, nomeadamente a comenda e o colar da Torre-e-Espada, a grã Cruz da Ordem do Império Britânico e a grã Cruz da Ordem da Coroa Bélgica.

Faleceu na sua residência na Estrada do calhariz de Benfica em Lisboa, a 30 de Julho de 1929.





Principal Bibliografia:

•Reconhecimento geológico dos territórios compreendidos entre Lourenço Marques e o rio Zambeze, 1894
•Carta da região mineira de Manica, 1900
•Relatórios sobre Moçambique, 1910
•A questão dos serviçaes de S. Thomé, 1913









2 comentários:

Gastão de Brito e Silva disse...

Obrigado Alexa...é sem dúvida um bemfiquista de peso...

Alexa disse...

Gastão: não precisas agradecer... o mérito é todo deste teu antepassado, que acredito que muitos desconheciam!