sexta-feira, 20 de agosto de 2010

Contra o Abandono de Animais




"O abandono de um animal é um acto cruel e degradante", assim vem referido no artigo 5º da Declaração Universal dos Direitos do Animal...
Declaração essa ratificada pelo Estado português, onde, paradoxalmente, os animais continuam a ser tratados em termos jurídicos como "objectos" (permitindo-se, assim, a impunidade face a uma série de situações graves que se continuam a perpetuar para com estes seres vivos).

Nas férias de Verão, em particular, o número de animais abandonados, no nosso país, sobe exponencialmente, apesar de ser uma realidade silenciosa durante o resto do ano.

Com a crise económico-social que vivemos nos últimos anos, as crescentes dificuldades económicas de muitas famílias portuguesas poderão explicar, em parte, este acréscimo de abandonos. O abandono é um sintoma de crise, mas não apenas económica... é, sobretudo, sinónimo de uma crise de valores generalizada na nossa sociedade.

É preciso ter-se muita consciência quando se adquire um animal de estimação, pois este é um acto que, para além de exigir uma dedicação "para a vida", implica muitas despesas e responsabilidades.
Com o sol à porta, as responsabilidades e as preocupações são postas de lado e o que interessa é descansar, trabalhar para o bronze e sair com os amigos. Mas há responsabilidades que não podem ser ignoradas e os animais de estimação são uma delas.

Calcula-se que existem 12 mil animais abandonados em Portugal.

Um cão ou gato errantes, recolhidos nas ruas das nossas cidades, ao darem entrada num canil/gatil municipal (ou quando aí são directamente entregues pelos seus donos) têm uma esperança de vida de sete dias. É o tempo legal para serem reclamados ou adoptados. Findo este prazo, são abatidos.



************



Na nossa freguesia existem cada vez mais animais abandonados.
Mas, muitos deles, são também deixados pelos seus donos em situações-limite, reveladoras de uma falta de responsabilidade, carácter e ausência de qualquer respeito para com outro ser vivo.

O caso que relatamos a seguir passou-se em Benfica... mas poderia ter ocorrido em qualquer outra freguesia de Lisboa ou do país.

Enquanto o Homem não se consciencializar que não é "superior" aos restantes seres vivos e que todos temos que partilhar, da forma mais harmoniosa possível, a Terra em que vivemos, estaremos, certamente, a caminhar para a sua destruição!






"Testemunho de uma cadela de 4 meses"

(por M.C.C.)





"Tenho apenas 4 meses mas já tenho muito para contar…





Fui adoptada no dia 18 de Abril deste ano por alguém que me disse que me tinha salvo de ser abatida. Na minha inocência pensei que iria ser muito feliz. Nesta família havia uma criança que gostava muito de mim, mas a quem nunca ensinaram que um animal não é um brinquedo.
Estive doente, coçava-me sem parar, fiquei cheia de peladas.... alguém convenceu a minha “dona” a levar-me ao veterinário.

Sou uma bebezoca linda e muito traquina, comecei a fazer disparates naquela casa, em troca recebia enormes tareias e passaram a não me levar a passear, o que eu mais adoro!

Um dia fiquei sozinha em casa, no meio da maior imundice, sem sequer ver a luz do dia. De vez em quando levavam-me comida... só quando se lembravam! Foram-se passando as horas, os dias... no início ladrava muito pensando que deste modo aquela que me tinha adoptado apareceria. Estive sozinha e triste durante três semanas, na quarta semana ninguém apareceu para me alimentar, comecei a desistir, já não valia a pena ladrar!

Finalmente, no dia 13 de Agosto, ouvi uma voz conhecida chamar-me do outro lado daquela porta sempre fechada: gani muito baixinho e arranhei a porta....ainda estou viva e quero ser salva!

Continuavam a falar comigo, a dar-me forças, até que finalmente um senhor bombeiro entrou dentro de casa, deu-me água, e me levou novamente para a luz do dia.
Fui de imediato levada ao veterinário, que ficou espantado com a minha resistência a todo aquele horror que durou um mês. Preparou-me um óptimo T0, com comidinha da melhor e água e ali passei a noite.





No dia seguinte, os meus anjinhos-da-guarda apareceram para me passear e decidir a minha nova vida (uma delas tinha-me dito ontem que não me devolveria nunca mais a quem supostamente teria tido obrigação de me tratar com dignidade). Afinal, e apesar de ter passado horrores naquela casa, sempre houve seres humanos que me estiveram a vigiar.

A promessa foi cumprida… E como se de um verdadeiro milagre se tratasse, apareceu uma senhora amorosa que me disse que me ia adoptar e que iria ter a companhia de outra menina como eu."








Sem comentários: