quinta-feira, 16 de setembro de 2010

Tem dias assim!







Fotografia e Texto de JCDuarte




Tem dias em que nada sai certo!

Saí eu de casa domingo, com o decidido intuito de ir recolher imagens para ilustrar um tema. Versava ele as alterações arquitectónicas na utilização de frente e traseiras de prédios.
Como elas são menos bem cuidadas quando viradas para um logradouro fechado, tanto no desenho como na utilização por parte dos residentes, e como tudo muda quando o lado oposto à entrada principal do edifício está virado para um espaço público, eventualmente um jardim ou rua. Os estendais de roupa e o acumular de tralha nas varandas é muito menos notório e até mesmo as cortinas e vasos na janelas são mais bonitos.

Para consubstanciar esta minha teoria, escolhi o bairro de Benfica. Tem ele de tudo, desde edificações do início do séc. XX até às bem recentes, já do séc. XXI. Logradouros fechados, jardins e espaços públicos como interior de quarteirões, prédios concebidos em “T”, sem que se possa bem definir qual a frente qual a traseira. Em Benfica há de tudo para esta minha tese.

Acontece, porém, que devido ao calor, ou a um almoço mais pesado, ou a um qualquer outro motivo que desconheço, não consegui fazer em fotografia o que me ia na cabeça. Lá fotografias fiz, agora que fizessem jus ao que pensava… As coisas estão lá na câmara, mas não me agradam.

Fazendo uma pausa junto da igreja para me refrescar na esplanada, constato que os sinos tocam e a porta se abre. “Bem”, pensei, “se isto não me está de feição, vou dar ali uma olhada, que acho que nesta nunca entrei.”

Sou agnóstico convicto, pelo que as igrejas ou templos mais me falam dos seus utilizadores que de deuses. E isso é sempre algo que me interessa. Fui dar uma olhada.
Fiquei boquiaberto! A missa das 17 horas de domingo (eu, que pensava que aos domingos de tarde as igrejas fechavam…) encheu por completo o templo. A ponto de, além de já não haver lugares sentados, as coxias laterais estarem repletas, bem como o espaço junto à porta, onde me quedei.

Fiquei um pouco, tentando com a minha presença não perturbar quem ali estava, observei espaço e fieis e aproveitei uma pausa entre a leitura e o sermão para sair.
A coisa – a enchente de gente num domingo de tarde – ficou a cucutar-me. Os hábitos dos estendais e dos dias para lavar e estender a roupa já não são o que eram, tal como a hora de ir à missa ao domingo. Nem bom, nem mau. Apenas diferente, ajustando-se ao mudar dos tempos.

Eu é que não estava de maré e não consegui fazer uma imagem que fosse que se aproveitasse sobre o tema. Ainda andei de volta da igreja, tentando tirar partido da bonita luz que havia, mas nada. Há dias assim!

Acabei por esquecer o que a cabeça me dizia e deixar-me levar apenas pelo que os olhos me mostravam. Isto, a poucos metros!
Não tem que ver com estendais, traseiras ou templos. Mas está intimamente relacionado com o domingo ser um dia bonito, em que as coisas bonitas se mostram e se vêem. Por dentro e por fora!

Tem dias assim.







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