sábado, 31 de dezembro de 2011

FELIZ ANO NOVO!





(por Alexandra Carvalho)




"Recomeça...

Se puderes
Sem angústia
E sem pressa.
E os passos que deres,
Nesse caminho duro
Do futuro
Dá-os em Liberdade.
Enquanto não alcances
Não descanses.
De nenhum fruto queiras só a metade.
E, nunca saciado,
Vai colhendo ilusões sucessivas no pomar.
Sempre a sonhar e vendo
O logro da aventura.
És Homem, não te esqueças!
Só é tua a loucura
Onde, com lucidez, te reconheças."

Miguel Torga




Fotografia de Alexandra Carvalho (2011)






Este ano que agora finda foram todos vocês (que, diariamente, lêem, enviam comentários e/ou sugestões e/ou foram entrevistados) que nos ajudaram a continuar a "construir" este blogue comunitário... pelo que aqui vos queria agradecer de uma forma muito sentida.

Faço votos para que, contrariamente aos maus agoiros que por aí andam, 2012 seja um ano de muita prosperidade e, sobretudo, serenidade, e que nos permita a todos reflectir sobre os valores e a forma como queremos conduzir doravante a nossa sociedade...

Votos de um excelente 2012 a todos os amigos e leitores do "Retalhos de Bem-Fica", assim como aos seus detractores e "perseguidores".

Gostaria, ainda, de aqui deixar a minha gratidão e homenagem a todos aqueles que, durante este ano, ajudaram a dinamizar o nosso "Retalhos de Bem-Fica" e todas as actividades que temos vindo a desenvolver!

Este tem sido um trabalho intergeracional e multidimensional, que demonstra bem que, quando os cidadãos se unem, lutando naquilo que está ao seu alcance, participando activamente na resolução directa dos problemas dos seus bairros e das suas ruas, podem contribuir para a mudança e para a melhoria das vivências na nossa sociedade.

O trabalho que temos vindo a desenvolver no "Retalhos de Bem-Fica" (o qual vai muito para além da sua presença online neste blogue ou no Facebook) vem provar-nos que um outro mundo é (ainda) possível... Que ainda é possível pensarmos e criarmos uma sociedade diferente, onde a força de valores como a solidariedade, entreajuda e espírito de vizinhança e comunidade são apanágio.
Está, apenas, nas nossas mãos trabalharmos para reinventar esse Futuro, construindo, assim, um melhor mundo, em particular no local em que habitamos.

Que 2012 seja, assim, um ano em que mais cidadãos da nossa freguesia (e não só) se consciencializem do poder que a sua intervenção cívica pode ter no desenvolvimento dos lugares onde vivem!...








quarta-feira, 28 de dezembro de 2011

(ADOPTADO) ENCONTROU-SE - Gato jovem "laranja" na Av. Grão Vasco




Actualização de 23/01/12:
Gatinho Adoptado!
Muito obrigada a todos os que ajudaram.




(por Alexandra Carvalho)




Encontrou-se esta manhã, na Av. Grão Vasco, em Benfica, um gato macho (não castrado), jovem (entre 1 a 2 anos), extremamente meigo e com as unhas cortadas (o que indicia ser animal de casa).

Este animal poderá estar perdido ou ter sido abandonado.




Fotografia de Alexandra Carvalho (2011)



O gato tem pelagem laranja tigrado e barriga branca. Olhos amarelos.




Fotografia de Alexandra Carvalho (2011)




Entrega-se o animal a quem comprovar ser o seu dono/a.

Ou, caso este não apareça, o gatinho será entregue para adopção a pessoa que tenha consciência que adoptar um animal implica responsabilidades para com o mesmo durante toda a sua vida (em média, um gato pode viver entre 15 a 20 anos).




segunda-feira, 26 de dezembro de 2011

Condolências





Com grande tristeza informamos todas as pessoas amigas do Domingos Estanislau (Presidente do Clube Futebol Benfica e colaborador deste blogue comunitário), que a sua Mãe faleceu hoje.



"Se tanto me dói que as coisas passem
É porque cada instante em mim foi vivido
Na busca de um bem definitivo
Em que as coisas de Amor se eternizassem."

Sophia de Mello Breyner Andersen




Ao nosso Amigo Lau e sua Família, sentidos pêsames de toda a Equipa do "Retalhos de Bem-Fica".







sábado, 24 de dezembro de 2011

O Vendedor de Natal





(por Alexandra Carvalho e Fausto Castelhano, com Mário Pires)






"Para isso fomos feitos:
Para lembrar e ser lembrados
Para chorar e fazer chorar
Para enterrar os nossos mortos —
Por isso temos braços longos para os adeuses
Mãos para colher o que foi dado
Dedos para cavar a terra.
Assim será nossa vida:
Uma tarde sempre a esquecer
Uma estrela a se apagar na treva
Um caminho entre dois túmulos —
Por isso precisamos velar
Falar baixo, pisar leve, ver
A noite dormir em silêncio.
Não há muito o que dizer:
Uma canção sobre um berço
Um verso, talvez de amor
Uma prece por quem se vai —
Mas que essa hora não esqueça
E por ela os nossos corações
Se deixem, graves e simples.
Pois para isso fomos feitos:
Para a esperança no milagre
Para a participação da poesia
Para ver a face da morte —
De repente nunca mais esperaremos...
Hoje a noite é jovem; da morte, apenas
Nascemos, imensamente."

"Poema de Natal", de Vinicius de Moraes




Manuel Fernandes Monteiro, 76 anos.
Nascido a 15 de Outubro de 1935, no concelho de Alijó, distrito de Vila Real.

Ficou sem mãe aos 7 anos e foi Fernando Pinto de Sousa (seu vizinho e pai do antigo Primeiro-Ministro José Sócrates) que tentou que ele fosse acolhido na Casa do Gaiato de Vila Real, dizendo-lhe, como recorda, "(...) andas aqui desprezível, ficaste abandonado e tens que tomar outro rumo para a tua vida."
Infelizmente, esses outros tempos não eram nada fáceis e foi o mesmo vizinho quem lhe disse um dia: - "(...) Não há lei para os meninos da aldeia. Só há lei para os meninos da cidade."
Frase que marcou bastante Manuel Monteiro e sobre a qual se indaga ainda: - "(...) Mas não éramos todos portugueses? E não éramos todos iguais?!".

Face a este triste começo de vida, Manuel Monteiro andou a servir em casa alheia "(...) e lá me criei!", como relembra.

Aos 17 anos veio de comboio para Lisboa, com familiares. O bilhete custou-lhe 150 escudos, preço que nunca mais esqueceu.

Inicialmente, ficou a morar, durante alguns meses, em Campolide, na Vila Ferro.
Mais tarde, muda-se para a Quinta da Granja de Baixo, de Custódio da Silva e Miguel Lourenço; onde viria a conhecer a sua futura esposa, Maria, filha da rendeira daquela quinta, onde até vendiam bilhetes para os jogos do Benfica.
Em 1960 casam na Igreja de Benfica e a boda é realizada na Quinta da Granja de Baixo.

Neste re-começo de vida, Manuel Fernandes Monteiro decide ir à chamada "Horta da Luz", pertença do Conde de Carnide, pedir "(...) um bocado de terreno, para plantar umas batatinhas, umas couvinhas e umas cebolas"; pedido com o qual foi agraciado pela nobre figura.

Manuel Monteiro viveu 52 anos nos terrenos onde, recentemente, construíram o Centro Comercial Colombo. "(...) depois, o Belmiro de Azevedo e companhia deram-me alguma coisinha para sair dali e fiz uma casa na Pontinha, onde vivo."

Manuel Fernandes Monteiro, "(...) homem pobre, mas de muito trabalho", como ele próprio se descreve, é, também, um homem de muita luta e afinco.
Durante um ano, trabalhou na empresa de viação "Eduardo Jorge", na Venda Nova, na lavagem das camionetas.
Mais tarde, esteve 8 anos na Metalúrgica de Benfica. E, em seguida, labutou nessa grande obra da construção do colector para o ribeiro de Benfica ser encanado.

Depois, foi vendedor ambulante na Rua Cláudio Nunes e na Rua Morais Sarmento; tendo, posteriormente, sido integrado no espaço do actual Mercado de Benfica, onde vendeu fruta durante 8 anos.





Excerto de Entrevista com o Sr. Manuel Fernandes Monteiro
para a rubrica "Gente de Benfica"

Entrevista: Fausto Castelhano
Filmagens: Alexandra Carvalho
Montagem Vídeo: Mário Pires

Texto: Alexandra Carvalho

Todos os direitos reservados "Retalhos de Bem-Fica" (2011)






Eram os seus filhos ainda pequeninos (com 3 anos apenas), já Manuel Fernandes Monteiro costumava plantar alguns pinheiros e outros produtos hortícolas nos terrenos por detrás do Chafariz.
"(...) e um senhor muito antigo da Amadora desistiu ali [junto ao Chafariz] da venda de pinheiros (...) E um outro senhor disse-me para pôr ali os pinheirinhos, que podia ser que tivesse sorte."

E Manuel Fernandes Monteiro não só teve sorte na sua venda sazonal - que perdura há 45 anos, junto ao Chafariz de Benfica -, como se transformou, também, numa das mais bonitas e singelas memórias de Natal, de crianças e graúdos, na nossa freguesia.

Manuel Monteiro é o símbolo de um Natal antigo, em que os pinheiros eram naturais e não comprados nas "(...) lojas dos chineses, dentro de caixas que até dão para arrumar e tudo!".

Lembra-se de, antigamente, quando ali descarregava os seus pinheiros, ainda correr água no Chafariz, onde cavalos e burros iam beber água e algumas pessoas "(...) menos respeitosas" aproveitarem para ir tomar banho.
Nesses tempos, chegou a vender entre 300 a 400 pinheiros. Mas agora, que "(...) já há pouca gente a usar, só mesmo os que gostam!", "(...) se vender entre 80 a 100, já é muito bom!".

Apesar disso, todos os anos, continuam a vir clientes já antigos e outros mais recentes, não só de Benfica, como de Loures, Almada e Rio de Mouro, para virem comprar os seus "(...) pinheirinhos de Natal" (oriundos de Coruche, do terreno de uma pessoa amiga, que os planta para esse efeito).

"(...) Até já têm morrido pessoas, que algumas me diziam que já tinham saudades de levar um destes pinheirinhos. Mas os filhos foram para longe e eles nunca mais cá puderam vir", refere Manuel Monteiro, quando lhe perguntamos se tem consciência da importância que este seu negócio sazonal teceu no imaginário de muitas pessoas da nossa freguesia.

Em relação ao futuro deste seu negócio, Manuel Fernandes Monteiro apenas nos diz, com um sorriso no rosto: - "Eu tenho uma memória formidável, enquanto assim estiver não é mau! Por isso vou continuar a venda até poder e depois, que venha para cá outro e que tenha melhor sorte!"

De Benfica, que conhece como a palma da sua mão, Manuel Monteiro diz-nos em jeito de confissão: - "Já foi mais bonito isto! Gostava de ver isto mais bonito outra vez! (...) porque destruíram muita coisa, está tudo podre. Benfica está velha!"




Fotografia de Alexandra Carvalho (2011)

[clicar na imagem acima, para ver mais fotografias]







NOTA FINAL: - Esta entrevista é uma homenagem, que consideramos muito justa, a um homem que tem feito a sua vida na nossa freguesia, mas tem, também, proporcionado a muitos de nós as mais singelas recordações da época natalícia. Muito obrigada por isso mesmo, Sr. Manuel Monteiro!

Aproveitamos, ainda, para aqui deixar os nossos sinceros votos de um Feliz Natal e Boas Festas a todos os leitores e amigos do "Retalhos de Bem-Fica"!










quinta-feira, 22 de dezembro de 2011

A Quinta da Feiteira (Capítulo II)



Todos os direitos reservados @ Fausto Castelhano, "Retalhos de Bem-Fica" (2011)



Benfica
Uma freguesia do Termo de Lisboa


Capítulo II

A Quinta da Feiteira
- Do fundo dos tempos aos estertores da Monarquia -



(por Fausto Castelhano)

***


Após longa e fabulosa caminhada até aos nossos dias, as origens da mítica Quinta da Feiteira somem-se na fundura dos Tempos… Notas dispersas em publicações antigas e descobertas um pouco ao acaso, apontamentos preciosos insertos no livro “Benfica através dos tempos” do Padre Álvaro Proença ou nas obras publicadas versando a História do Sport Lisboa e Benfica permitiram agarrar todo o espólio disponível sobre tão interessante local da Freguesia de Benfica e traçar, na medida do possível, o quadro do emblemático espaço e a gradual transformação que de que foi objecto no decurso de cerca de três centenas de anos, isto é, onde outrora e até ao segundo decénio do século XX, existiu a famosa Quinta da Feiteira.



Um aspecto da antiga Quinta da Casquilha e, em segundo plano, observa-se o arvoredo do Parque Silva Porto ou Mata de Benfica implantado no espaço da Quinta da Feiteira.
(Foto de Artur Goulart - 1961 - Arquivo Fotográfico da Câmara Municipal de Lisboa)



Claro está que, de permeio, fomos introduzindo valiosas achegas de realíssimo interesse e que nos mereceram particular atenção uma vez que, continuam retidos na memória dos raros amigos de provecta idade que ainda nos restam e que se dispuseram, de bom grado, transmitir-nos algo sobre o assunto, amigos que entretanto e aos poucos, nos vão abandonando mercê da inexorável lei da vida…


Terrenos da antiga Quinta da Casquilha. Ao longe, a torre da igreja de Nossa Senhora do Amparo de Benfica. (Foto de Artur Goulart - 1961 - Arquivo Fotográfico da Câmara Municipal de Lisboa)



Comecemos, então, pelo princípio:
Situada no coração da Freguesia de Benfica, a vastíssima superfície da histórica Quinta da Feiteira integrava terras de excelente de aptidão cerealífera e, tirando partido da irrigação proporcionada pela ribeira que atravessava a totalidade da propriedade no sentido Oeste para Leste, a produção hortícola e frutícola tornava-se, na verdade, farta e de irrefutável qualidade…Incluía, ainda, jardins e demais aposentos destinados a criados e trabalhadores, o magnífico palacete, cavalariças e a capela dedicada a S. Gonçalo de Lagos…
A frente principal da Quinta da Feiteira, sensivelmente virada ao Norte geográfico, bordejava a antiga Estrada Real, a actual Estrada de Benfica e estendia-se desde a Igreja Paroquial de Nossa Senhora do Amparo de Benfica até à embocadura da Estrada de A-da-Maia.



O novo parque desportivo do Clube Futebol Benfica, Campo Francisco Lázaro, implantado na antiga Quinta da Casquilha. Em segundo plano, o arvoredo do Parque Silva Porto, a conhecida Mata de Benfica.
(Foto de Artur Goulart - 1961 - Arquivo Fotográfico da Câmara Municipal de Lisboa)



A Poente, a Quinta da Feiteira encontrava-se limitada, não só pela Estrada de A-da-Maia mas, também, pela Quinta da Casquilha…
Ora, nos finais dos anos 50 do século XX e precisamente na Quinta da Casquilha, seria construída a chamada “zona ocidental” do Bairro de Santa Cruz de Benfica e, logo no início da década de 60 entra, em plena actividade desportiva, o moderno e mais dilatado recinto de jogos do Clube Futebol Benfica o qual, iria herdar o nome do antigo Campo Francisco Lázaro…
Entretanto e chegados aos primórdios dos anos 70, iria arrancar a construção do novo Mercado Municipal de Benfica e, pouco tempo depois, ocorre a sua inauguração e abertura ao público, acto solene e festivo que tem lugar a 19 de Outubro de 1971… Desaparecia, para sempre, envolto numa profunda saudade, o Mercado de levante da Avenida Grão Vasco, a “Rua da Mata”



Terreno reservado da antiga Quinta da Casquilha e destinado à futura construção do Mercado Municipal de Benfica - Em segundo plano, os prédios do lado esquerdo da Rua Emília das Neves.
(Foto de Armando Serôdio - 1969 - Arquivo Fotográfico da Câmara Municipal de Lisboa)



A Nascente, a Quinta da Feiteira confrontava-se, não só com a Estrada da Garridas, via que nos encaminhava, directamente, à “passagem-de-nível” dos Caminhos-de-Ferro da Buraca mas, também, ao muro divisório da chamada Quinta do Caldas o qual, oferecia obstáculo de monta…E será, nos anos 30 do século XX que, no espaço da Quinta do Caldas, seria construído o primeiro campo de jogos do Clube Futebol Benfica, o Campo Francisco Lázaro
A Poente, a Estrada da Circunvalação ou Estrada Militar perfilava-se como fronteira natural da Quinta da Casquilha e será, ao longo da Estrada da Militar até à linha de Caminhos-de-Ferro da CP que, nos finais dos anos 50 vão ser erigidas as moradias em banda e as ruas transversais correspondentes à Rua da Várzea ou seja, na “zona ocidental” do Bairro de Santa Cruz de Benfica…



Inundações na Estrada Militar ou Estrada da Circunvalação junto às moradias da “zona ocidental” do Bairro de Santa Cruz. O conjunto das moradias que se observam na foto e ao correr da Estrada da Circunvalação, correspondem à Rua da Várzea e às respectivas arruamentos transversais.
(Foto de Judah Benoliel - Finais dos anos 50 do século XX - Arquivo Fotográfico da Câmara Municipal de Lisboa)



A Comissão Municipal de Toponímia, e que nos apraz registar, lança mão das antigas designações dos sítios e lugares e que persistem na memória colectiva da população da Freguesia de Benfica e, então, resolve atribuí-las aos vários arruamentos do Bairro de Santa Cruz de Benfica e, assim, surgem: Rua da Casquilha, Rua do Parque, Rua das Garridas, Rua da Várzea…



Passagem-de-nível da Cruz da Pedra
(Foto de Arnaldo Madureira – 1969 - Arquivo Fotográfico da Câmara Municipal de Lisboa)



A Sul, o caminho ferroviário da CP da Linha de Sintra oferecia uma barreira intransponível desde os finais do século XIX e, apenas as “passagens-de-nível” da Damaia, Cruz da Pedra ou Buraca e esta, já no termo da Estrada das Garridas, permitiam ultrapassar o inusitado estorvo à passagem das populações…



Apeadeiro da Cruz da Pedra/Jardim Zoológico da Companhia dos Caminhos de Ferro Portugueses - CP
(Foto Wikipédia)



No que diz respeito à Quinta da Feiteira, a referência mais antiga com que deparámos, remonta a 1702 e foi respigada, além d’outras importantes e raras anotações, precisamente do livro “Benfica através dos Tempos” do Padre Álvaro Proença onde, a expensas de afincada trabalheira e escorado de paciência de santo, embrenhou-se nos misteriosos labirintos do respeitável quanto antiquíssimo Livro d’Almas da paróquia de Nossa Senhora do Amparo de Benfica e conseguiu desenterrar, trazendo à claridade do dia, a crucial e imprescindível informação que desde sempre almejávamos…
Assim e ao longo de cerca de dois séculos, tanto quanto se apurou de concreto, estabeleceram morada e viveram na Quinta Feiteira, os seguintes cidadãos: no registo do ano de 1702 irrompe, vindo da poeirada do tempo, Francisco João e, apenas em 1755, aparece a anotação de residência de Arcângela Maria e do seu irmão, o padre Pedro da Costa… Em 1769 e fazendo fé nas anotações fidedignas do Livro d’Almas da Paróquia de Nossa Senhora do Amparo de Benfica, Pedro Lourenço e a respectiva esposa moraram, efectivamente, na Quinta da Feiteira…



Rua do Parque no Bairro de Santa Cruz de Benfica e o arvoredo do Parque Silva Porto, a Mata de Benfica.
(Foto de Arnaldo Madureira - 1970 - Arquivo Fotográfico da Câmara Municipal de Lisboa)



No ano de 1780, Hermano Cremer Vanzeler estabeleceu residência permanente na Quinta da Feiteira. Notabilizou-se pela ilimitada generosidade sendo, na verdade, um ilustre benfeitor da Paróquia de Benfica contribuindo, fortemente, a favor da construção da Igreja Nova, segundo opinião abalizada do Padre Álvaro Proença…



Igreja de Nossa Senhora da Saúde no Calhariz de Benfica.
(Foto de João H. Goulart - 1967 - Arquivo Fotográfico da Câmara Municipal de Lisboa)



No Livro de Horas e no ano de 1782 consta, ainda, como morador fixo na Quinta da Feiteira, o nome do empregado Leandro João …
Entretanto e decorridos 18 anos, ou seja, em 1800, aparece-nos, por fim, a indicação do proprietário da Quinta da Feiteira, Francisco José Pereira e associado a notabilíssima iniciativa que, então, resolveu tomar: a reparação total da velha ermida dedicada a S. Gonçalo de Lagos erguida, desde tempos imemoriais, como capela privativa da própria Quinta da Feiteira…



Núcleo populacional do Calhariz de Benfica onde se localiza a a Capela de Nossa Senhora da Saúde.
(Foto de Fausto Castelhano - 2010)



A talhe de foice, é bom lembrar que, no século XVIII e no extenso território da Freguesia de Benfica, além das duas igrejas paroquiais, a Velha e a Nova, constatava-se a existência de um conjunto de 19 capelas ou ermidas… Três das capelas eram consideradas “Públicas”, isto é, pertenciam ao povo e, como tal, revelavam-se centros de intensa vida religiosa e social sendo, ao mesmo tempo, sedes de Confrarias ou Irmandades relevantes…
Assim, a Capela de Nossa Senhora da Saúde (1) encontrava-se edificada na zona central da comunidade do Calhariz de Benfica; a Capela do Espírito Santo (2), construída no lugar de Benfica e bastante pertinho da Igreja Paroquial e, ainda, a capela de Nossa Senhora da Conceição da Lapa (3), situada na Falagueira, Amadora, ou seja, a antiga Porcalhota e onde, actualmente, continua aberta ao culto…



A Capela de Nossa Senhora da Conceição da Lapa junto ao Aqueduto das Águas Livres na Falagueira, Amadora, ou seja, a antiga Porcalhota.
(Foto de Joshua Benoliel - 1912 - Arquivo Fotográfico da Câmara Municipal de Lisboa)



Para uso próprio e dos seus agregados familiares, servidores, criados, trabalhadores e rendeiros existiam, ainda, 14 oratórios particulares integrados nos belos e ricos palacetes e solares, mansões e palácios pertencentes a famílias abastadas ou fruindo de evidente prestígio…



Caminhos da antiga Quinta da Casquilha junto à antiga “passagem-de-nível” da Buraca da CP.
(Foto de Fausto Castelhano - 2011)



A Quinta da Casquilha, à semelhança doutras propriedades onde predominava a gorda abastança, também estava dotada de capela privativa: a Capela de Santo António todavia, no início do século XIX, já se apresentava totalmente arruinada!



A tradicional Feira da Luz preenchia todo o mês de Setembro, em Carnide.
(Foto Wikipédia)



Acrescentamos, por último, a Capela de Nossa Senhora do Pilar, administrada pelos Cónegos Regrantes de Santo Agostinho e que estava integrada na Quinta da Granja…
Farturinha, louvado seja Deus… O povoléu, jamais teve razões de queixa e participava, vivamente, nas festanças e na vida social e comunitária…
Procissões e romarias, arraiais e festejos carnavalescos, festas de campo, bailaricos ou Semana da Quaresma, bandas de música, onde pontificava a insigne banda da Sociedade Filarmónica Euterpe de Benfica fundada em 1859, as fogueiras dos Santos Populares, terços e novenas, o Mês de Maria, as missas cantadas e os sermões, as penitências… Quarenta dias festivos durante o ano inteiro… Uma loucura, afora as festividades na Ermida de Nossa Senhora dos Prazeres, no Outeiro ou então, na Ermida de Nossa Senhora da Conceição, na vizinha Damaia, propriedade do Conde da Lousã…
O povinho atestava o bandulho de forrobodó e, quando o mês de Setembro espreitava após as colheitas da lavoura, os foliões entravam, positivamente, em delírio: a centenária Feira da Luz, em Carnide, abria os portões de par em par… O melão de Almeirim e o vinho carrascão do Cartaxo, as sardinhas assadas, as febras de porco na grelha e as louças de barro vermelho faziam as honras aos visitantes no Largo Luz…



O povo enfileirado no intuito de apanhar o autocarro a caminho da Romaria de Nossa Senhora da Conceição da Rocha em Carnaxide.
(Foto de Artur Goulart - anos 60 - Arquivo Fotográfico da Câmara Municipal de Lisboa)



O entusiástico corropio na caminhada pela longa Estrada do Poço do Chão tornava-se avassalador porém, mal rebentavam os alvores da Primavera, o povinho rejubilava e atingia alto grau de êxtase, o clímax, dando o corpinho ao manifesto no mês de Maio, rebolando-se de farra na Romaria em Honra de Nossa Senhora da Conceição da Rocha, em Carnaxide…



Fila de gente para apanhar o autocarro a caminho das festividades tradicionais em honra de Nossa Senhora da Conceição da Rocha, em Carnaxide.
(Foto de Artur Goulart – Anos 60 - Arquivo Fotográfico da Câmara Municipal de Lisboa)



Pouco restou dos hábitos e crenças, costumes e tradições ancestrais que tanto entusiasmavam os nossos avoengos dum tempo já tão longínquo…Hoje, a sensaboria e o tédio, prevalecem…
Mas, voltemos ao século XIX e ao ano de 1858 onde nos surgem, como moradores permanentes da Quinta da Feiteira, Fernando Emídio da Silva e D. Edwiges Eugénio da Mota, Manuel Inácio da Mota e Silva e, ainda, cinco criados prontos para todo o serviço...
No ano de 1873, João Henrique Ulrich apresenta-se como dono absoluto da Quinta da Feiteira e com residência fixa comprovada.



Antigos caminhos das Terras das Garridas, os chamados “Caminhos da Feiteira”.
(Foto de Fausto Castelhano - 2011)



Entretanto, chegamos ao dia 10 de Junho de 1880 e, enquanto os “Republicanos” organizam e fazem desfilar um imponente cortejo comemorativo do tricentenário da morte de Luís de Camões, considerado o símbolo da grandeza e imortalidade da Pátria, o actual proprietário da Quinta da Feiteira, João Henrique Ulrich, matutou, matutou e avança com uma ideia genial, iniciativa de profundo alcance e que muito irá beneficiar a população de Benfica: arborizar parte considerável da excelente propriedade a que davam o nome de Feiteira de Cima e ordena, sem demora, o plantio célere de árvores de avantajado porte e arbustos de espécies variadas…
A Quinta da Feiteira embelezou-se de alto a baixo e tornou-se, aos poucos, uma realidade espacial verdadeiramente aprazível… A Sul do centro histórico da comunidade, isto é, em torno da Igreja de Nossa Senhora do Amparo de Benfica, começava a desenhar-se um dos exuberantes pulmões verdes da Freguesia de Benfica!



Cartaz alusivo ao tricentenário da morte de Luíz de Camões. As comemorações decorreram na cidade de Lisboa e foram organizadas pelos Republicanos Portugueses.
(Foto Wikipédia)



Como se sabe, e após várias remodelações, o espaço arborizado seria mais tarde transformado no actual Parque Silva Porto, a conhecida Mata de Benfica, a qual, abrange uma superfície de cerca de 5 hectares de densa vegetação arbórea e arbústica.



O Zé Povinho, a famosa figura criada pelo artista Rafael Bordalo Pinheiro.
(Foto Wikipédia)


A 31 de Agosto de 1891, precisamente na Quinta da Feiteira, ocorre o falecimento de Maria Luíza de Sá Ulrich, esposa de João Henrique Ulrich e, volvidos mais alguns anos, o mesmo sucede ao titular da propriedade. Apenas em Maio de 1903, os herdeiros da ilustre família vendem, a belíssima Quinta da Feiteira, a César Augusto de Figueiredo, um “torna-viagem” brasileiro bem apetrechado de grossos cabedais, certamente abichados nos negócios desenvolvidos em Terras de Santa Cruz que adquire, por atacado, todo o conjunto da Quinta da Feiteira que incluía, boas terras de semeadura e hortas, palácio, bosques e jardins, etc.
[Informação cedida por amável deferência da Srª D. Ana Maria da Cunha]


A Revolta do Grelo, movimento revoltoso da população portuguesa contra o Imposto do Selo, rebenta na cidade de Coimbra no mês de Março de 1903 e alastra a todo o país.
(Foto Wikipédia)



Chegados a 1903, Portugal continua inquieto e agita-se de modo constante: a 24 de Janeiro realiza-se o funeral de Rafael Bordalo Pinheiro, o grande caricaturista republicano e criador da figura do Zé Povinho; em Março rebenta, em Coimbra, a chamada Revolta do Grelo, movimento de indignação popular contra o Imposto do Selo e que passaria a ser exigido às vendedeiras de géneros hortícolas e, também, aos vendedores do Mercado…
A revolta propaga-se de norte a sul do país e a forte contestação à Monarquia resvala e assume contornos violentos; os tecelões do Porto entram em greve geral e esta, vai alastrar de rompante a todo o território nacional envolvendo cerca de 30.000 operários; a 16 de Maio, é inaugurado o Centro Regenerador Liberal de Lisboa, liderado por João Franco o qual, se vai evidenciar e tornar célebre como braço direito do rei D.Carlos I e afastado, imediatamente, após o regicídio no dia 2 de Fevereiro de 1908…



João Ferreira Franco Pinto Castelo Branco, líder do Centro Regenerador Liberal de Lisboa, fundado a 16 de Maio de 1903.
(Foto Wikipédia)



E na pacatez rural da pitoresca Benfica, César de Figueiredo, homem de inesgotável dinamismo, adquiriu a cantaria e os portões de ferro das velhas Portas de S. Sebastião da Pedreira, os antigos limites da cidade de Lisboa e vai colocá-los no chamado “Passeio da Feiteira”, a actual Avenida Grão Vasco… Assim, calcetada de modo primoroso, a alameda harmoniosamente arborizada e que nos levava da Estrada de Benfica até aos portões da estupenda Quinta da Feiteira ficou ornada, em ambos os lados, graças a um belíssimo murete encimado por vistoso gradeamento de ferro forjado…



João Franco é pontapeado pelo Zé Povinho. Após o Regicídio, ocorrido a 2 de Fevereiro de 1908, João Franco é afastado da vida política portuguesa, definitivamente.
(Foto Wikipédia)



Finalmente, chegamos ao ano de 1906 onde a Quinta da Feiteira inicia uma imparável trajectória e vai projectar-se a caminho de um extraordinário protagonismo que ficará gravado, indelevelmente, na memória das gentes…



[Continua…]


**** Por razões de higiene mental, o autor não respeita as normas do Novo Acordo Ortográfico.





NOTAS


(1)- Capela de Nossa Senhora da Saúde
Calhariz de Benfica



A ermida de Nossa Senhora da Saúde é de construção bastante remota ignorando-se, exactamente, a data da sua edificação, no entanto, a pequena igreja que hoje se encontra localizada no centro do núcleo populacional do Calhariz de Benfica, é um templo do início do século XVIII.



Capela de Nossa Senhora da Saúde no Calhariz de Benfica.
(Foto Fausto Castelhano - 2010)



Centro de culto e caridade cristã extremamente activo e, também, sede da Confraria ou Terço do Calhariz e onde os fiéis, aos Sábados, cantavam a “ladaínha” a Nossa Senhora e, aos Domingos, rezavam o “terço”.
A festa do orago, imagem antiquíssima de Nossa Senhora da Saúde, celebrava-se a 15 de Agosto e compunha-se de missa cantada de enorme cerimonial e acompanhamento instrumental, sermão adequado ao festivo dia, exposição do Santíssimo Sacramento e festança de arromba onde o povo participava de modo entusiástico…



(2)- Ermida do Espírito Santo
Freguesia de Benfica



A vida atribulada, não só da Capela do Espírito Santo mas, também, do seu albergue e hospital destinado aos peregrinos, concita as atenções gerais e merece citação especial… Assim, em 1699, a vetusta capela já se encontraria em ruínas e poucas providências teriam sido tomadas pelos elementos da Confraria do Espírito Santo que administravam o templo e toda a actividade de culto e caridade cristã desenvolvida em seu redor, embora continuassem a receber os foros das propriedades do Adro da Igreja e, também, das casas junto à Igreja Paroquial e outros proventos durante, pelo menos, o ano de 1752.
Entretanto, a Irmandade do Santíssimo Sacramento e dando cumprimento ao decreto de 30 de Janeiro de 1780 emitido pelo Cardeal Patriarca de Lisboa, tomou posse de todos os bens móveis e imóveis da ermida mas, pelos vistos, também pouca importância lhe mereceu a recuperação inadiável do templo…
Extinta a Irmandade do Espírito Santo entra em cena a Irmandade do Santíssimo Sacramento a qual, em Fevereiro do ano de 1785 assume-se como única usufrutuária e administradora da Capela do Espírito Santo… Não obstante, em 1809, a velhinha Capela do Espírito Santo encontrava-se em situação periclitante e, no seu interior, as missas deixaram de ser celebradas pelo perigo iminente de derrocada mas, entretanto, é utilizada como cemitério quando escasseavam sepulturas na Igreja Paroquial…
Apenas em 1831, a Irmandade do Santíssimo Sacramento vai substituir a porta da capela que se encontrava escaqueirada e, no ano de 1855, alguns pequenos arranjos serão levados a efeito na arruinada capela… Mesmo assim, o templo é convertido em edifício de aluguer e, em 1907 ocorre o descalabro total: a capela é, pura e simplesmente, transformada em cavalariça de animais de tracção de um comerciante da Freguesia de Benfica...
Na sequência da implementação da República Portuguesa em 1910, o próprio nome de Espírito Santo é varrido da toponímia da Freguesia de Benfica e substituído pelo nome do jornalista Ernesto da Silva porém, indícios da Capela do Espírito Santo não se conseguem vislumbrar e nem sequer a sua real localização…



(3)- Capela de N. Sr.ª da Conceição da Lapa
Falagueira, Amadora (antiga Porcalhota)



A construção da Capela da Nossa Senhora da Conceição da Lapa, conhecida por Capela da Falagueira, foi autorizada por Provisão do então Cardeal Patriarca de Lisboa, D. Francisco I, em 15 de Novembro de 1759 e aberta ao culto em Agosto de 1760.



Igreja de Nossa Senhora da Conceição da Lapa, Falagueira, Amadora, antiga Porcalhota.
(Foto de Arnaldo Madureira - 1961 - Arquivo Fotográfico da Câmara Municipal de Lisboa)



A referida Provisão surge no seguimento de uma petição feita pelos habitantes da Porcalhota, Reboleira, Falagueira e outros lugares das redondezas os quais, pretendiam erigir uma ermida na Porcalhota.
A capela tem apenas um altar, onde se pode observar uma imagem de Nossa Senhora da Conceição da Lapa. O orago da capela é comemorado no dia 15 de Agosto.



Adro da Capela de Nossa Senhora da Conceição da Lapa na Falagueira, antiga Porcalhota.
(Foto de Joshua Benoliel - 1912 - Arquivo Fotográfico da Câmara Municipal de Lisboa)



A Capela da Falagueira foi sede da Confraria ou Terço da Porcalhota e, tal como na Ermida do Calhariz de Benfica, aos Sábados era rezada a “ladaínha” a Nossa Senhora e o mesmo se passava aos Domingos em relação ao “terço”.
Após a sagração da nova Igreja Matriz construída na Venteira em 1958, a Capela da Falagueira deixou de ser a única “capela pública” da região… Recentemente, a capela sofreu obras de restauro, notável iniciativa que devolveu a importância e dignidade ao local.



(4)- Quinta do Assentista: Solar e Capela
Falagueira, Amadora (antiga Porcalhota)



A entrada do solar e capela da Quinta do Assentista na Falagueira, Amadora, a antiga Porcalhota.
(Foto Wikipédia)



A Quinta do Assentista, também conhecida como Quinta dos Intendentes, é um excelente exemplo das inúmeras quintas que outrora existiram na Amadora e arredores. Este edifício foi erguido em 1746 e integra uma capela particular.



Solar e capela da Quinta do Assentista na Falagueira, Amadora, isto é, a antiga Porcalhota.
(Foto de Arnaldo Madureira - 1961- Arquivo Fotográfico da Câmara Municipal de Lisboa)



Em termos de corrente artística, o conjunto edificado afirma-se por uma pequena mistura de estilos: um muro e o pátio fechado por um portão Joanino e, nesse mesmo muro, um frontão Barroco o qual, integra uma estátua de Nossa Senhora da Saúde. A decoração é sóbria, uma característica do século XVII. No seu interior, vislumbra-se um jardim que alberga diversas espécies vegetativas.









domingo, 11 de dezembro de 2011

“Urban Sketchers em Benfica – viajar no bairro com um caderno”






(por Alexandra Carvalho)




Direitos de autor da imagem: Cooperativa POST (2011)

[clicar na imagem para ampliar e ver o convite]




"Em co-produção com a
Cooperativa POST, o colectivo Urban Sketchers convidou 22 desenhadores urbanos para um passeio por Benfica. Partindo de um ponto de encontro comum, a Fábrica Simões, seguiram à descoberta por percursos diversos, registando-os com olhares e técnicas diferentes, no passado dia 6 de Novembro.

Os desenhos integrarão a exposição
“Urban Sketchers em Benfica – viajar no bairro com um caderno” no espaço da Cooperativa POST, com inauguração no próximo dia 15 de Dezembro, pelas 21:00, ocasião onde será também apresentado o respectivo catálogo/livro, perpetuando a Benfica desenhada por 22 olhares distintos.

O projecto é apoiado pela Junta de Freguesia de Benfica."
***



*** Texto disponível in Cooperativa POST.





[NOTA: - Esta exposição nada tem a ver com o XVI Encontro de Diários Gráficos dos Urban Sketchers - o qual teve lugar na nossa freguesia, a 10/07/11, a convite do "Retalhos de Bem-Fica" - apesar de poderem ter sido incorporados na exposição e no catálogo desenhos referentes a este 1º encontro.]








sábado, 10 de dezembro de 2011

A invasão dos folhetos da Junta de Freguesia





(por Alexandra Carvalho)




A primeira vez que reparei neles, colados ainda em mais paredes de edifícios privados (do que é habitual), foi aquando das últimas eleições, com a afixação da informação sobre as mesas de voto. Mas pensei que teria havido, certamente, algum erro por parte dos serviços da Junta de Freguesia de Benfica.

Afinal não!...



Folheto da Junta de Freguesia de Benfica afixado na parede lateral do muro do Chafariz de Benfica - imóvel classificado.
Fotografia de Alexandra Carvalho (2011)


Folheto da Junta de Freguesia de Benfica afixado na parede privada do Nº 719B da Estrada de Benfica - Padaria.
Fotografia de Alexandra Carvalho (2011)




Folhetos da Junta de Freguesia de Benfica afixados na parede da Caixa Geral de Depósitos da Rua Cláudio Nunes.
Fotografias de Alexandra Carvalho (2011)



Folheto da Junta de Freguesia de Benfica afixado na parede do Nº 715A da Estrada de Benfica - Sapataria e Agência Bancária.
Fotografia de Alexandra Carvalho (2011)




Basta-nos percorrer a Estrada de Benfica, desde as Portas de Benfica até ao Centro Comercial Fonte Nova para percebermos que, desde então, temos assistido, de uma forma verdadeiramente avassaladora, a uma "invasão" do espaço privado (seja em locais de âmbito comercial ou residencial) com folhetos de divulgação das inúmeras iniciativas da Junta de Freguesia de Benfica.

Mais grave ainda...
Chega-se ao cúmulo de, abusivamente e de uma forma perfeitamente non sense, se recorrer à afixação em imóveis classificados, como é o caso do Chafariz de Benfica (incluído na listagem de Inventário Municipal de Património sob o artigo 08.08) - imóvel esse, recentemente, limpo pela Junta de Freguesia de Benfica, "(...) de acordo com a programação do Mapa de Obras de Requalificação do Espaço Público"... Espaço público requalificado, mas novamente vilipendiado pela própria Junta de Freguesia (ver in artº 5º, alínea 1 a, do Regulamento de Publicidade - Edital n.º 35/92, de 6 de Março e respectivas alterações).

O que, sinceramente, me leva a pensar que:

1)- ou o actual Executivo da Junta de Freguesia de Benfica, na sua ânsia desmedida pela divulgação de uma forma propagandista do seu trabalho, passou a considerar, ilegalmente, o espaço privado como sendo do domínio público;

2)- ou, certamente, alguém se esqueceu de dar informações mais explícitas aos seus colaboradores sobre quais os locais onde é permitida a afixação de folhetos deste género.


Até consigo compreender que grupos de cidadãos e particulares a título pessoal utilizem os escassos meios que têm ao seu alcance para divulgar na via pública assuntos de interesse geral ou do seu próprio interesse - recorrendo, para esse efeito, à afixação de folhetos em postes de electricidade e em paragens de autocarros.

Agora, quando a própria Junta de Freguesia de Benfica, que dispõe de locais próprios - de seu único e exclusivo uso para esse efeito - começa a abusar da utilização do espaço privado, algo parece não estar a funcionar lá muito bem, sinceramente!...

Deixamos aqui como sugestão, ao Executivo da Junta de Freguesia de Benfica, que, para divulgar as suas inúmeras iniciativas (as quais consideramos extremamente importantes) e se aproximar do público que não tem acesso à internet, em vez de "invadir" abusivamente todas as paredes da freguesia, como alternativa, deixe os seus folhetos no interior das lojas do comércio local... onde os fregueses poderão, certamente, levá-los consigo e ficarem, igualmente, informados.





Mais informações sobre a afixação de publicidade e propaganda aqui:


Afixação e inscrição de mensagens de publicidade e propaganda - Lei n.º 97/88, de 17 Agosto e respectivas alterações

Regulamento sobre Propaganda - Edital n.º 6/90, de 7 de Fevereiro

Regulamento de Publicidade - Edital n.º 35/92, de 6 de Março e respectivas alterações






sexta-feira, 2 de dezembro de 2011

O verdadeiro Natal...





(por Alexandra Carvalho)




Fotografia de Alexandra Carvalho (2011)



O verdadeiro Natal, o das emoções e memórias que compõem a nossa infância, chegou ontem a Benfica, ali junto ao Chafariz...



Fotografia de Alexandra Carvalho (2009)






quinta-feira, 1 de dezembro de 2011

Iniciativas de Natal da Junta de Freguesia de Benfica





(por Alexandra Carvalho)



Sempre em "movimento" e com muita divulgação, a "nossa" Junta de Freguesia de Benfica vai empreender, durante o mês de Dezembro, uma série de iniciativas, tendentes a "dinamizar e enriquecer o comércio tradicional"...



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Texto e imagens abaixo da autoria de Junta de Freguesia de Benfica.




1º CONCURSO DE MONTRAS DE NATAL


Direitos de autor do cartaz: Junta de Freguesia de Benfica (2011)



"Com o objectivo de contribuir para a dinamização e enriquecimento do Comércio Tradicional, a Junta de Freguesia de Benfica promove, de 13 de Dezembro a 3 de Janeiro o 1º Concurso de Montras de Natal."





FEIRA DE NATAL DE BENFICA



Direitos de autor do cartaz: Junta de Freguesia de Benfica (2011)



"A 1.ª edição da Feira de Natal, no ano 2010, teve bastante impacto junto da população. Tornando-se num espaço de imaginação e diversidade de artesanato popular, o Pelouro da Cultura propõe a continuidade desta iniciativa realizando, então, a 2.ª edição da Feira de Natal, nos próximos dias 17 e 18 de Dezembro de 2011.

Para participar na Feira de Natal de Benfica basta consultar o Regulamento e entregar o Formulário de Participação preenchido, presencialmente, na Junta de Freguesia de Benfica ou, enviar por e-mail para cultura@jf-benfica.pt até dia 14 de Dezembro."




MERCADO DE NATAL - Flores e Frutos Secos


Direitos de autor do cartaz: Junta de Freguesia de Benfica (2011)



"De 1 a 30 de Dezembro, junto ao Mercado de Benfica, realizar-se-á o Mercado de Natal.
Venha comprar Flores e Frutos Secos!"









quarta-feira, 30 de novembro de 2011

Et maintenant...







(por Jc Duarte)




Fotografia de Jc Duarte (2011)




Caminhava calmamente pelo corredor, saindo da luz do sol e entrando na obscuridade das lâmpadas do centro comercial.
Entre o seu cabelo alvo, já um pouco rarefeito, e o casaco de cabedal um pouco coçado, um bigode farfalhudo e bem aparado compunha-lhe a cara.
A sua mão esquerda apoiava-se numa bengala, que manuseava com destreza, bem a compasso do seu caminhar e parar.
Porque ele parava! A cada meia dúzia de passos olhava para quem lhe estivesse mais próximo e cantava-lhe. Desafinado e já com falta de voz, repetia sempre os mesmos acordes e o mesmo verso antigo de nem sei quantos anos: - "Et maintenant, que vais-je faire?…"

Eu, bem como os demais que ali estavam a almoçar, olhámos uns para os outros, meio espantados como insólito da situação. Mas nem a empregada que ali atendia, nem o segurança a uns metros de distância, lhe prestaram atenção. Deduzi que se trataria de um frequentador habitual do espaço, como tantos outros reformados que usam os centros comerciais como forma de matar o tempo que lhes sobra.

Este… bem, este ainda verbaliza o seu problema, de quem se viu sem ocupação e, talvez, sem com quem partilhar a sua amargura.

É tão difícil – e absurdo – definir normalidade!






domingo, 27 de novembro de 2011

"Ainda há Poesia nas Cidades" -(2)






(por Alexandra Carvalho)



Fotografia de Alexandra Carvalho (2011)



Os jardins da nossa freguesia estão cada vez mais bonitos... e, também, muito originais (ainda há quem, anonimamente, lhes confira um toque de Poesia)!

Esta tarde, na Alameda Padre Álvaro Proença, junto aos "Jardins de Benfica".







quinta-feira, 24 de novembro de 2011

As (parcas) iluminações de Natal chegaram!...






(por Alexandra Carvalho)




Fotografia de Alexandra Carvalho (2011)



É claro que, em tempo de crise, os fregueses de Benfica, à semelhança dos demais portugueses, precisam é de outros "confortos"...

Mas, digam o que disserem, sabe sempre bem e as gentes gostam muito (resquícios de infância, certamente!) de ver as iluminações de Natal na nossa freguesia.

Este ano, seguindo a política da Câmara Municipal de Lisboa **, certamente, que não teremos as "estonteantes" iluminações de Natal em Benfica (custeadas pela Junta de Freguesia), como no ano passado...

Muito obrigada, assim, aos comerciantes da Av. do Uruguai e à Administração do Centro Comercial Fonte Nova pelas iluminações de Natal esplendorosas com que já nos brindaram!



Fotografia de Alexandra Carvalho (2011)