quarta-feira, 30 de novembro de 2011

Et maintenant...







(por Jc Duarte)




Fotografia de Jc Duarte (2011)




Caminhava calmamente pelo corredor, saindo da luz do sol e entrando na obscuridade das lâmpadas do centro comercial.
Entre o seu cabelo alvo, já um pouco rarefeito, e o casaco de cabedal um pouco coçado, um bigode farfalhudo e bem aparado compunha-lhe a cara.
A sua mão esquerda apoiava-se numa bengala, que manuseava com destreza, bem a compasso do seu caminhar e parar.
Porque ele parava! A cada meia dúzia de passos olhava para quem lhe estivesse mais próximo e cantava-lhe. Desafinado e já com falta de voz, repetia sempre os mesmos acordes e o mesmo verso antigo de nem sei quantos anos: - "Et maintenant, que vais-je faire?…"

Eu, bem como os demais que ali estavam a almoçar, olhámos uns para os outros, meio espantados como insólito da situação. Mas nem a empregada que ali atendia, nem o segurança a uns metros de distância, lhe prestaram atenção. Deduzi que se trataria de um frequentador habitual do espaço, como tantos outros reformados que usam os centros comerciais como forma de matar o tempo que lhes sobra.

Este… bem, este ainda verbaliza o seu problema, de quem se viu sem ocupação e, talvez, sem com quem partilhar a sua amargura.

É tão difícil – e absurdo – definir normalidade!






domingo, 27 de novembro de 2011

"Ainda há Poesia nas Cidades" -(2)






(por Alexandra Carvalho)



Fotografia de Alexandra Carvalho (2011)



Os jardins da nossa freguesia estão cada vez mais bonitos... e, também, muito originais (ainda há quem, anonimamente, lhes confira um toque de Poesia)!

Esta tarde, na Alameda Padre Álvaro Proença, junto aos "Jardins de Benfica".







quinta-feira, 24 de novembro de 2011

As (parcas) iluminações de Natal chegaram!...






(por Alexandra Carvalho)




Fotografia de Alexandra Carvalho (2011)



É claro que, em tempo de crise, os fregueses de Benfica, à semelhança dos demais portugueses, precisam é de outros "confortos"...

Mas, digam o que disserem, sabe sempre bem e as gentes gostam muito (resquícios de infância, certamente!) de ver as iluminações de Natal na nossa freguesia.

Este ano, seguindo a política da Câmara Municipal de Lisboa **, certamente, que não teremos as "estonteantes" iluminações de Natal em Benfica (custeadas pela Junta de Freguesia), como no ano passado...

Muito obrigada, assim, aos comerciantes da Av. do Uruguai e à Administração do Centro Comercial Fonte Nova pelas iluminações de Natal esplendorosas com que já nos brindaram!



Fotografia de Alexandra Carvalho (2011)


















sábado, 19 de novembro de 2011

DIA INTERNACIONAL DA FLORESTA AUTÓCTONE





DIA INTERNACIONAL DA FLORESTA AUTÓCTONE
Comemorações dia 23 e 26 de Novembro no Parque Florestal do Monsanto





Direitos de autor da imagem: Câmara Municipal de Lisboa (2011)

[clicar na imagem para ampliar]





Consultar aqui o Programa das comemorações.







sexta-feira, 18 de novembro de 2011

Freguesia de Benfica - As nossa ruas (1)





Rua dos Arneiros

(antiga Travessa dos Arneiros)


(por Fausto Castelhano)



Untitled from Retalhos de Bem-Fica on Vimeo.





A Rua dos Arneiros, a antiga Travessa dos Arneiros, tem início na Estrada de Benfica, nº648, junto ao Chafariz das Águas Livres e termina na Estrada dos Arneiros, frente ao Cemitério de Benfica.

A Rua dos Arneiros comunica com as seguintes artérias:
- Beco do Vintém das Escolas: entre os nºs 10 e 12
- Rua Ernesto da Silva: entre os nºs 20 e 22.
- Rua Frei António Brandão: entre os nºs 57 e 59 ou seja, as conhecidas Escadinhas. Apenas, uma passagem pedonal.

Na Rua dos Arneiros ainda subsistem várias moradias ou prédios bastante antigos:
- O conjunto de moradias desde o início da Rua dos Arneiros até ao nº 24 e os edifícios com os nºs 27, 29, 31 e 91.

É de salientar, até meados dos anos 50 do século XX, a ausência de habitações no lado direito da Rua dos Arneiros (Travessa dos Arneiros) a partir da moradia com o nº 24. Daí até ao seu términus, a rua era ladeada pelo muro das Quintas do Brito ou do Zé Brito e da Quinta das Palmeiras ou Mata do Galla…
A entrada para a Quinta do Brito fazia-se pelo nº28 da Rua dos Arneiros (Travessa dos Arneiros).
O portão de entrada da Quinta das Palmeira localizava-se na Estrada do Poço do Chão, 63. Porém, existia um outro portão de acesso à Quinta das Palmeiras, raramente utilizado, na Rua dos Arneiros, sensivelmente próximo do prédio com o nº93.








sábado, 12 de novembro de 2011

A "Conversa dos Outros" em Benfica






(por Alexandra Carvalho)







Vídeo RTP2 (2011)





A "Conversa dos Outros" é um programa-documentário sobre os bairros de Lisboa, que será brevemente transmitido na RTP2.




Fotografia de Miguel Azevedo (2011)



Graças ao "Retalhos de Bem-Fica", conseguimos fazer com que a equipa de produção se interessasse pela nossa freguesia e aqui fizessem a gravação de um dos programas desta série.

Muito obrigada a todos os moradores e comerciantes que, durante os dias 14 e 17 de Outubro, contribuíram para a gravação deste programa!

Muito obrigada à excelente equipa de produção da Buenos Aires Filmes (Miguel, Guillermina, Gonçalo e Raquel) pelo tempo que dedicaram à nossa freguesia!



Ver fotografias do programa gravado em Benfica aqui.








quarta-feira, 2 de novembro de 2011

Benfica. Uma freguesia do Termo de Lisboa - A Toponímia natural (Capítulo I)



Todos os direitos reservados @ Fausto Castelhano, "Retalhos de Bem-Fica" (2011)



Benfica
Uma freguesia do Termo de Lisboa

Capítulo I

A Toponímia natural


(por Fausto Castelhano)


***



O fenómeno é universal! Frequentemente e originado por fortuita ou mera circunstância, pessoas ou residentes de ruas ou avenidas, ruelas, pátios ou becos, monumentos ou lugares, habitantes ou naturais d’uma qualquer localidade ou país, acabam rebaptizados e perdem as identidades originais… Adeptos de clubes desportivos, inclinações político/partidárias, sindicais ou religiosas, nada escapa!



O edifício da sede do Sport Lisboa e Benfica na Avenida Gomes Pereira, 17, a “Rua do Cinema”, “Rua do Comboio”, “Rua da Estação” ou "Rua da Fábrica". No amplo salão estava instalada a única sala de cinema da Freguesia de Benfica. No Verão, as sessões de cinema ao ar-livre realizavam-se no Ringue de Patinagem .
(Foto de Vasques - 1958 - Arquivo Fotográfico da Câmara Municipal de Lisboa)



Ao sabor, claro está, da fértil e sempre pronta imaginação das próprias comunidades ou então, objecto de importação, sabe-se lá donde, de quem ou porquê bastando, para tal, lampejo fulgurante, pequenino pormenor sem a mínima importância, chiste apropriado ou boca maliciosa… e já está! Podem pegar de estaca e perdurar p’ra sempre porém, outros vão moendo, moendo e, com o decorrer do tempo ganham raízes fundas e agarram, propagam-se e acabam por se instalar de modo definitivo…



Estação de Benfica da CP ao cimo da Avenida Gomes Pereira, a “Rua do Comboio”, “Rua da Estação”, “Rua do Cinema” ou “Rua da Fábrica”.
(Foto de Garcia Nunes - 1955 - Arquivo Fotográfico da Câmara Municipal de Lisboa)



Reunindo o consenso popular, adoptadas na íntegra e facilmente assimiladas pelas populações surgem, então, revestidas de novel roupagem, isto é, envergando nomenclatura diferente da original tendo em vista, sempre, identificação isenta de qualquer possibilidade de equívoco, fáceis de pronunciar e, claro está, contendo certa e suficiente lógica… Por vezes e por ausência súbita ou prolongada dos motivos pelos quais foram objecto de tal deferência são, simplesmente, desclassificadas e podem adquirir diversa identidade ou então, e aos poucos, murcham naturalmente e falecem de morte natural… Daí e até ao total esquecimento, vai uma pequenina distância no tempo…
Em todo o mundo assim acontece… e a Freguesia de Benfica, felizmente, não escapou à regra… Assim e antecipadamente, vamos dar um saltinho no tempo, retornar aos anos 50 e 60 do século XX e, então, sem mais delongas, vejamos:



O conceituado Restaurante Sozinhito ao cimo da Avenida Gomes Pereira, 105 e 107 e junto à estação do Caminho de Ferro da CP.
(Foto de João H. Goulart - Foto do Arquivo Fotográfico da Câmara Municipal de Lisboa)



A Avenida Gomes Pereira, transmuda-se em "Rua do Cinema" (termo caído em desuso à muitos anos) uma vez que, em tempos já um pouco distantes e na sede do Sport Lisboa e Benfica (edifício onde, hoje, está instalada a Junta de Freguesia de Benfica), existir a única sala de cinema da comunidade



Avenida Gomes Pereira, 1 a 93: a Rua da Estação, a “Rua do Comboio” e, também, em tempos mais recuados, a “Rua do Cinema” ou a “Rua da Fábrica”.
(Foto de Arnaldo Madureira - 1968 - Arquivo Fotográfico da Câmara Municipal de Lisboa)



Todavia e do mesmo modo, a população também designava a bonita avenida da freguesia por “Rua da Estação” ou a “Rua do Comboio”! Claro, no termo da Avenida Gomes Pereira, encontra-se a Estação do Caminho de Ferro da CP e, assim, tornava-se facilitada a sua imediata localização…



Conjunto de teares da Fábrica Simões & C.ª Lda.
(Foto Wikipédia)



Por vezes, a Avenida Gomes Pereira era mencionada como a “Rua da Fábrica”! Porquê? Ora, um dos maiores e pujantes empreendimentos fabris da Freguesia de Benfica, a Fábrica Simões & C.ª Lda. (Malhas e Confecções), fundada em 1907 pelo dinâmico industrial José Simões laborava, exactamente, na Avenida Gomes Pereira…



Rua Cláudio Nunes, 35 a 43. A “Rua do Cemitério” e os bonitos prédios que foram demolidos nos anos 50 e 60 do século XX.
(Foto de Artur Goulart - Anos 50 do século XX - Arquivo Fotográfico da Câmara Municipal de Lisboa)



A “Rua do Cemitério” corresponde à Rua Cláudio Nunes, embora toda a gente reconheça que outras vias convergiam e tinham o seu termo na “Quinta das Tabuletas”, seja a Estrada dos Arneiros, a Rua dos Arneiros (antiga Travessa dos Arneiros) ou, até mesmo, a Calçada do Tojal…
E a Rua Dr. José Baptista de Sousa? Alguém imagina onde fica? Claro, tal como se apresenta é um pouco difícil localizar tal via contudo, mais não é que a “Rua da Caixa”, junto à Stimuli/UNISBEN (1) e onde, efectivamente, se encontra instalado o Posto nº25 da Caixa de Previdência…



O bonito prédio da Rua Cláudio Nunes, 45 vai resistindo! Até quando?
(Foto de Fausto Castelhano)



Actualmente, a Stimuli/Unisben e atendendo à enorme projecção que vai desfrutando no seio da população da Freguesia de Benfica, onde vai granjeando apaniguados a cada esquina, provoca séria concorrência e ameaça, sem dúvida, a conhecida “Rua da Caixa”



Abertura do Ano Lectivo de 2010/2011 na Stimuli/UNISBEN.
(Foto de Fausto Castelhano)



Na verdade, não causaria espanto a ninguém se, muito em breve, ousasse passar-lhe a perna e a suplantasse: a “Rua da Stimuli” ou a “Rua da Unisben” emerge, paulatinamente, e prepara-se p’ra derrubar a “Rua da Caixa”!



A Tuna da Stimuli/UNISBEN em 2010.
(Foto de Fausto Castelhano)



O Mário Félix caprichou e um belo dia, nos idos de 50 do século passado, encheu-se de brios e apareceu-nos, afivelando largo e provocante sorriso na carantonha e a causar enorme inveja aos amigos: trajava calça americana que lhe assentava que nem luva e, segundo se constou, teria sido dos primeiros habitantes da Freguesia de Benfica a envergava a famosa novidade oriunda das terras do Tio-Sam…



Mário Félix, o “Mário Americano” e, pouco depois, “O Americano” - Maio de 1960
(Foto de Fausto Castelhano)



A oportunidade não caiu em saco roto e o nosso compincha Mário Félix foi, de imediato, apodado de “Mário Americano”… Porém, um pouco mais tarde, a malta abreviou o epíteto e, actualmente, continua a ser conhecido pelo seu nome de guerra: “o Americano”
Em Carnide, a Travessa do Pregoeiro é a “Rua do Gravatas” (Restaurante Adega das Gravatas, a antiga “Taberna do Gravatas”) e, à Rua do Norte, toda a gente a reconhece como a “Rua do Convento” (Convento de Santa Teresa do Menino Jesus, século XVII).
O Sr. Gaspar do Café Girassol, na sequência d’um infeliz episódio ocorrido com um grupo de jovens de sangue na guelra e sempre predispostos à malfeitoria, já descrito no texto de "Tabernas, Tascas e Casas de Pasto - IV", perde a própria identidade, definitivamente, e surge “O Seboso” tendo o maralhal, d’uma vazada, suprimido o nome que constava no seu Bilhete de Identidade…



Ao António Augusto Pereira só o topam como “O António da Farmácia”.
(Foto gentilmente cedida por António Augusto Pereira)



Ao António Augusto Pereira, um amigão desde os tempos de meninice, caçador de pontaria afinadíssima e, também, antigo e destacado dirigente do S.L. e Benfica, só o topam como “O António da Farmácia”



Pilões, como são conhecidos os alunos do Instituto Militar dos Pupilos do Exército.
(Foto Wikipedia)



Os alunos do Instituto Militar dos Pupilos do Exército em S. Domingos de Benfica viraram “Pilões” e os educandos do Colégio Militar, em Carnide, imperam com o apodo de “Meninos da Luz”



Os "Meninos da Luz", como são distinguidos os educandos do Colégio Militar.
(Foto Wikipédia)



O Mário Fonseca, filho único do Sr. Fonseca da Carris, oriundo da região de Ourém (que saudades do estupendo vinho branco da sua lavra que nos escorria pelo garganhol) carimbado como o mecânico “Mário Buracos” e, após breve tempo transitou, simplesmente, para “O Buracos”



A drogaria do “Júlio Careca” na Estrada de Benfica, 645 a 649.
(Foto de João H. Goulart - 1959 -
Arquivo Fotográfico da Câmara Municipal de Lisboa)



O Júlio da Drogaria, homem de excelente trato e que à muito se foi deste mundo, passa a “Júlio Careca” por exibir, orgulhosamente, a calva luzidia; o Carlos Alberto Marques Castelhano, nunca mais se livrou do ferrete com que o marcaram, indelevelmente, p’ró resto da vida: “O Calminhas”



Carlos Alberto Marques Castelhano, vulgo “O Calminhas” em 1960.
(Foto de Fausto Castelhano)



A “Quinta Grande” é, efectivamente, a Quinta do Conde de Carnide e a “Quinta do Bom-Nome”, nome que lhe advém desde o ano de 1720 sobrepõe-se à “Quinta do Sarmento”, tal como era vulgarmente conhecida…



A Paula Maria e a Maria Helena em Maio de 1974 na “Quinta Grande” ou “Quinta do Conde de Carnide”.
(Foto de Fausto Castelhano)



A “Quinta do Sarmento” não resistiu às profundas alterações urbanísticas operadas a partir dos finais dos anos 50 do século passado nas Freguesias de Carnide e Benfica sendo, claro está, retalhada a preceito…
No seu espaço nasceu uma urbanização da EPUL e permitiu, também, o alargamento do Cemitério de Benfica na parcela mais a norte e confinada com a Estrada Militar (a sul, a área absorvida pelo Cemitério de Benfica pertencia à Quinta do Charquinho).



1960 - A Vereação e a Comunicação Social visitam as obras de alargamento do Cemitério de Benfica: Aníbal David, Vice-presidente da Câmara Municipal de Lisboa (1959-1970), António Vitorino França Borges, Presidente da Câmara Municipal de Lisboa (1959-1970) - No último plano, a “Quinta da Granja de Cima” e o respectivo palacete.
(Foto de Armando Serôdio - 1960 - Arquivo Fotográfico da Câmara Municipal de Lisboa)



Poucos anos volvidos, avançou a Urbanização da “Quinta do Bom-Nome” e a Avenida dos Condes de Carnide rompe no sentido nascente/poente em direcção a Alfornelos… Não obstante, e só por simples acaso, a desgraceira não foi total: o magnífico palacete edificado no século XVII e que integra a capela de Nossa Senhora das Mercês safou-se, in extremis!



O magnífico palacete da “Quinta do Sarmento” ou "Quinta do Bom-Nome" na Estrada da Correia e onde está instalado o ISLA - Instituto Superior de Línguas e Administração de Lisboa.
(Foto de Fausto Castelhano - 2010)



Após notável remodelação, o belo palacete da Estrada da Correia acolhe, actualmente, o ISLA - Instituto Superior de Línguas e Administração de Lisboa.
A “Quinta de Carlos Anjos”, também é apontada como a “Quinta da D. Leonor” ou “Quinta de Montalegre” e onde, sete décadas atrás, dei os primeiros passos da minha já longa existência.



1944 - A célebre cascata monumental da “Quinta de Montalegre”, “Quinta de Carlos Anjos” ou “Quinta de D. Leonor” e que não escapou à destruição total. Na foto, a minha irmã Lucialina, o namorado Joaquim Monteiro, futuro marido, e a Ivone, cunhada e amiga da Lucialina Castelhano.
(Foto de Fausto Castelhano)



Literalmente arrasada nos primórdios dos anos 50 do século XX, na extensa área de uma das mais belas quintas das redondezas, nasceram prédios de gosto bastante duvidoso em atabalhoadas urbanizações e ainda houve lugar à implementação de um grandioso complexo desportivo: o famoso Estádio do Sport Lisboa e Benfica, a “Catedral dos Lampiões”!



Palacete da Quinta da Granja de Cima ou “Quinta do Canas”.
(Foto de Fausto Castelhano - 2011)



A magnífica Quinta da Granja de Cima, conhecida como a “Quinta do Canas” foi drasticamente amputada na sua superfície pela desenfreada especulação imobiliária mas, ainda subsiste o palacete e uma fatia razoável de solo de boa aptidão agrícola!



O belo conjunto do poço com nora datado de 1919 da Quinta da Granja de Cima.
(Foto de Fausto Castelhano - 2010)



À ilharga do vetusto palacete da quinta, é digno de realçar o poço e a respectiva nora, exemplar curioso da arqueologia industrial/rural dum tempo antigo, construído em 1919, tal como consta na gravação inscrita numa das colunas da estrutura…
A tradição bastante remota de que a Quinta da Granja de Cima estaria assente sobre as ruínas d’uma antiga vila romana com a configuração de um trevo de quatro folhas, carece de absoluta confirmação… Não obstante, a dúvida persiste…

A “Quinta das Palmeiras”, exuberante pulmão verde da Freguesia de Benfica e localizada a norte do seu território, também se identificava como a “Mata do Galla” ou “Quinta do Galla”, apelido do seu proprietário, Guerreiro Galla, industrial ligado aos transportes marítimos…



A Maria Helena e a Paula Maria na “Quinta das Palmeiras” ou “Mata do Galla”, um dos pulmões verdes da Freguesia de Benfica - Abril de 1969.
(Foto de Fausto Castelhano)



A gula voraz do lobby da construção civil passou por ali como cão em vinha vindimada, abocanhou a magnífica quinta e o sumptuoso palácio e, num ápice, brotaram prédios como cogumelos!
Bastante curiosa é a história da Rua Ernesto da Silva que, em tempos e durante largos anos, era indicada, geralmente, como “Rua dos Ferro-o-bico”



A moradia do Largo Ernesto da Silva, 2 e 4 e Rua Ernesto da Silva, 1 onde, no 1º andar, vivia a numerosa família dos “Ferro-o-Bico”.
(Foto de Arnaldo Madureira - 1970 - Arquivo Fotográfico da Câmara Municipal de Lisboa)



Tratava-se de uma família numerosa conhecidíssima pela alcunha dos “Ferro-o-Bico” e, do seu agregado familiar, brotaram alguns elementos que deram excelente contributo desportivo ao Clube Futebol Benfica como atletas de nomeada nas modalidades de Hóquei em Campo e Hóquei em Patins… Moravam e certamente os seus descendentes ainda lá residem, exactamente no nº1 da Rua Ernesto da Silva…



Moradia no início da Rua Ernesto da Silva, 1 e onde, no 1º andar, vivia a família dos “Ferro-o-Bico”.
(Foto de Fausto Castelhano - 2010)



A Estrada dos Arneiros descambou para “Rua dos Castelhanos”, tal como ouvi pronunciar a estimável conterrânea no dia em que me perguntou onde, antigamente, morava: - “Eu residia na Estrada dos Arneiros”! A simpatiquíssima senhora elucidou-me, sem hesitar: - “Ah! Mas essa era a “Rua dos Castelhanos”! Fiquei estupefacto!



A família Castelhano na Praia de Caxias, ao tempo, uma praia bastante concorrida. Augusto Castelhano, Orlando Manuel ao colo da mãe (Maria Augusta), Maria Manuela, Maria Helena, Carlos Alberto e Fausto Augusto - Verão de 1946
(Foto do arquivo pessoal de Fausto Castelhano)



Ignorava uma tal novidade, todavia e pela certa, alguns habitantes da Freguesia de Benfica conheciam a Estrada dos Arneiros por nome diverso pelo simples acaso de ali residir uma família que ostentava o apelido Castelhano. Tal e qual! Aonde? Na Quinta do Charquinho, Estrada dos Arneiros, nº4 e onde existiu, anterior à década de 50 do século XX, o melhor e o mais afamado retiro de fados e comezainas das freguesias do Termo da cidade de Lisboa…





Cartão de sócio nº 1684 do Clube Futebol Benfica (FóFó).
(Documento de Fausto Castelhano)



Ao velhinho e carismático Clube Futebol Benfica, mimosearam com galanteio um bocado caguinchas, louvado seja Deus, e que jamais ouvirão pronunciar pela minha boca: Fófó! Não imagino quem teria sido o salafrário que alvitrou uma tal ignomínia, na minha modesta opinião, está claro… Actualmente, o ilustre Clube Futebol Benfica é conhecidíssimo em tudo quanto é sítio… de modo safado: Fófó p’rá aqui, Fófó para ali! A prestigiada agremiação desportiva não merecia tão insólito tratamento e, só de ouvir soar a afronta fico arrepiado, causa-me um certo mal-estar e largo logo um palavrão dos antigos …




Ringue de Patinagem Fernando Adrião (pai) no antigo recinto de jogos do Clube Futebol Benfica, Campo Francisco Lázaro. Em segundo plano, as traseiras dos prédios e moradias da Avenida Grão Vasco, a “Rua da Mata” ou “Rua da Praça”.
(Foto de Artur Goulart - 1960 - Arquivo Fotográfico da Câmara Municipal de Lisboa)



Realmente, para quem foi sócio do clube nº 642 desde a década de 50 do século XX e atleta de Andebol de 7, nem outra cousa seria de esperar! Um bocado forte p’ró meu feitio… Não obstante, por qualquer incidente relacionado aquando dos ensaios da Marcha de Benfica na antiga sede da Rua Cláudio Nunes, desandei ou desandaram-me, não estou bem certo ou prefiro não recordar tal cena…



O novo recinto de jogos do Clube Futebol Benfica, Campo Francisco Lázaro, na antiga “Quinta da Casquilha”. (Foto de Artur Goulart - 1961 - Arquivo Fotográfico da Câmara Municipal de Lisboa)

Uns anitos volvidos e em 1983 regressei ao Clube Futebol Benfica onde me atribuíram o nº 1684… Breve estadia, desta vez e, logo de seguida, engalinhei por qualquer razão e arranco, mercê de radical atitude: renunciei ao clube do meu coração! Mas, esperem lá um bocadinho! Querem lá ver que o principal motivo que me levou a desertar do Clube Futebol Benfica, e agora definitivamente, já teria a ver com o tal nome de Fófó? É bem possível, sim senhor! Não descarto tal hipótese…



Escola António Maria dos Santos nº78, a “Escola do Ferrador”, situada na Estrada de Benfica e paredes-meias com o antigo Expedidor da Carris.
(Foto de Fausto Castelhano)



A Escola Primária António Maria dos Santos nº 78, na Estrada de Benfica e paredes-meias com o antigo Expedidor da Carris, é identificada por “Escola do Ferrador” e a Escola Primária Elementar de Aplicação nº 47 e que frequentei da 2ª à 4ª Classe, localizada junto ao antigo Quartel dos Sapadores Bombeiros e da Cozinha dos Pobres da Santa Casa da Misericórdia de Lisboa, cai e passa a “Escola da Câmbra” (Câmara).




O lançamento da primeira pedra para a construção da Escola Normal Primária de Lisboa pelo Presidente da República, Dr. Bernardino Machado, que presidiu à cerimónia. A referida instituição esteve aqui instalada até 1930. Depois desta data, passou a Escola do Magistério Primário de Lisboa e, em 1979 foi substituída pela Escola Superior de Educação de Lisboa.
(Foto de Joshua Benoliel - 1916 - Arquivo Fotográfico da Câmara Municipal de Lisboa)



Quanto à Escola do Magistério Primário de Lisboa (2) e cujo início de construção data de 1916, o nome original obscurece aos poucos e emerge, curiosamente, com a designação antiga, a Escola Normal, nome que lhe foi imputado aquando da sua fundação em 1862, ainda no tempo da Monarquia, claro está…



O magnífico edifício da Escola do Magistério Primário de Lisboa (1930/1979) inaugurado em 1916 pelo Presidente da República, Bernardino Machado. Actualmente, Escola Superior de Educação de Lisboa.
(Foto Wikipédia)



O caso mais sintomático ocorreu com o meu irmão António, o protagonista do célebre Bonifácio, episódio histórico que alvoraçou a cidade de Lisboa no já distante dia 10 de Maio de 1939…
O acto derradeiro, absolutamente imprevisível desenrolou-se, em cenário de extraordinário aparato aqui, na Freguesia de Benfica tendo, por palco principal, a exuberante seara de trigo da famosa “Quinta de Montalegre”



António Castelhano, “O Bonifácio”, tal como foi rebaptizado após o episódio histórico ocorrido a 10 de Maio de 1939 na Freguesia de Benfica.
(Foto gentilmente cedida por Maria Teresa Castelhano e publicada no Diário de Notícias de 10 de Maio de 1939)



Ao mano mais velho, trocaram-lhe as voltas e, pura e simplesmente, rebaptizaram-no: “O Bonifácio”! E assim ficou p’ra sempre e, na vizinha Carnide e ao longo de muitos anos, nas conversetas que fomos mantendo, amiúde, com raros sobreviventes e testemunhas desses longínquos tempos, o António Castelhano (prematuramente falecido em 1945) foi, em todos os momentos, recordado como “O Bonifácio”… Penso que o nome próprio do meu irmão fora varrido, totalmente, da mente dos velhos amigos e conhecidos e, no meu caso, era sempre apresentado como “O irmão do Bonifácio”. Nem Mais! O que me causava, devo confessá-lo, gozo incomensurável…



O bulício doMercado de levante na Avenida Grão Vasco ou “Rua da Praça” ou, ainda, “Rua da Mata”.
(Foto de Artur Goulart - 1965 - Arquivo Fotográfico da Câmara Municipal de Lisboa)



Porém, duas artérias da Freguesia de Benfica, homenageando personagens maiores da cultura portuguesa, merecem uma atenção especialíssima, redobrada: a Avenida Grão Vasco e a Rua Emília das Neves e, ao evocá-las, somos transportados, e que saudades, a uma época já distante: ao tempo da nossa meninice, ou seja, aos primórdios da década de 40 do século XX…

Confinados aos muros e valados da Quinta do Charquinho após emigração da Quinta de Montalegre, a maior e a mais bela quinta das redondezas, bafejados pela saudável vivência de alargados horizontes e do contacto permanente com a Natureza, os primeiros contactos com uma nova e fantástica realidade persistem vivos e fortemente impregnados no nosso imaginário…



Portão do Parque Silva Porto no final na Avenida Grão Vasco, a “Rua da Mata” ou a “Rua da Praça”.
(Foto de Fausto Castelhano -2011)



“Vamos à praça…ao peixe”! "Meninos: arranjem-se, vamos à missa!" Ou então, o pai: “Rapazes! Venham daí… vamos a Benfica, à Adega dos Ossos, beber um cafézinho”!
Incitados pelos nossos progenitores arrancávamos, alvoraçados, Estrada do Poço do Chão afora direitinhos ao centro histórico de Benfica onde, espantados, deparávamos com o extraordinário pólo de convivência e do contínuo vai-vem da população, o bulício do “Mercado de Levante” onde avultavam, por entre a zoeira fervilhante das gentes, os mais variados pregões das vendedeiras de hortaliça ou fruta da região saloia e das peixeiras incitando à compra do “peixe fresquinho do nosso mar”



Bonita moradia demolida nos finais da década de 60 do século XX na Avenida Grão Vasco, 47.
(Foto de Artur Goulart - 1965 - Arquivo Fotográfico da Câmara Municipal de Lisboa)



Ficávamos subjugados ante um mundo totalmente desconhecido até então: era a Avenida Grão Vasco, a “Rua da Praça” ou a “Rua da Mata” no seu máximo esplendor: cenário indescritível que atordoava os nossos sentidos…
Marcavam-se encontros, regateavam-se os preços, mantinham-se bate-papos informais, discutiam-se todos os assuntos que viessem à baila, coscuvilhava-se em grande estilo… ratando, impiedosamente, na pele de conhecidos, vizinhos ou desconhecidos… ou familiares!



Avenida Grão Vasco, 48 e 50, “Rua da Mata” ou “Rua da Praça”.
(Foto de Artur Goulart - Arquivo Fotográfico da Câmara Municipal de Lisboa)



Quando me “dá a telha” e por ali resolvo vaguear absorvido nos meus pensamentos, parece-me vislumbrar os monstros amarelos e o som do ranger dos rodados de ferro nos carris ao curvarem à saída do “Expedidor” para a Rua Emília das Neves… Ou então, após atravessarem a “Rua da Mata” e virar a 90 graus, tomarem o caminho da Estrada de Benfica junto ao prédio de gaveto da papelaria do Sr. Silvino, isto é, frente à Igreja de Benfica! Era, realmente, a total fascinação!



Bonita moradia na Avenida Grão Vasco, 41.
(Foto de Augusto de Jesus Fernandes - 1966 - Arquivo Fotográfico da Câmara Municipal de Lisboa)



E quando o “Guarda-freio”, o “Pica-bilhetes” ou algum passageiro alçava do braço e puxava pelo cordão de couro fazendo tilintar a campainha do amarelo? Que maravilha! Embora um pouco diluídos pelo passar do tempo, quando apuro o ouvido, continuo a ouvir esses sons de outrora de um modo absolutamente distinto…
Sensivelmente a meio da Avenida Grão Vasco e na perpendicular, a Rua Emília das Neves era fortemente influenciada, tanto no raiar do dia como à tardinha, não só pelo embarque e desembarque de passageiros das carreiras de eléctricos da “Carris” na paragem do “Expedidor” mas, outrossim, pela afluência contínua de fregueses ao dirigirem-se à “Praça ao ar livre” próxima…



A conceituada Casa de Pasto na Avenida Grão Vasco, 11, 13 e 15.
(Foto de Arnaldo Madureira - 1960 - Arquivo Fotográfico da Câmara Municipal de Lisboa)



A "Rua do Expedidor", tal como era conhecida pela comunidade local apresentava, assim, uma movimentação digna de menção. As populações de lugares um pouco afastados, seja a Buraca, Venda Nova ou Damaia seja, até mesmo, a Amadora, Carnide e Pontinha, por ali circulavam diariamente, ora dirigindo-se aos mais variados afazeres e empregos, ora convergindo na direcção do “Mercado de Levante”, a fim de se abastecerem dos mais variados produtos hortícolas, peixe, criação de bico e coelhos orelhudos os quais, à vista do cliente mais exigente, não escapavam ao seu destino: mortos, sangrados e esfolados...



Rua Emília das Neves, 2 a 30. O carro eléctrico da Carris espreita à saída do Expedidor. Acabou de arrancar e vai iniciar o seu percurso até à Baixa.
(Foto de Arnaldo Madureira - 1969 - Arquivo Fotográfico da Câmara Municipal de Lisboa)



A Avenida Grão Vasco ainda se anuncia como a “Rua da Mata” porém, o registo de “Rua da Praça” dissipou-se no dia 19 de Outubro de 1971, isto é, a data da inauguração do Mercado Municipal de Benfica…
Quanto à Rua Emília das Neves, perdeu a importância de outros tempos e que lhe era conferida com toda a propriedade, tanto pelo “Mercado de Levante” que cumpriu, exemplarmente, o seu papel em determinada época como, também, pela circulação dos carros eléctricos da Carris os quais, exactamente ali, "davam a volta", isto é, curvavam da Estrada de Benfica para o Expedidor e dali, entravam na Rua Emília das Neves… Assim, esta artéria vai sentir de modo acentuado, a queda de prestígio e influência a partir de 1973 quando os carros eléctricos, definitivamente, deixaram de circular pela Estrada de Benfica…
Entretanto, o nome pela qual era vulgarmente conhecida, "Rua do Expedidor" apagou-se da memória das gentes e caiu, de maneira abrupta, no mais absoluto esquecimento...
Recentemente e aos poucos, uma nova designação começa a despontar e vai-se insinuando entre a população: a "Rua da Xana"!
Ou me perguntam a localização do veterinário da "Rua da Xana" ou ao indagar por um estabelecimento de componentes electrónicos, encaminham-me no mesmo sentido…



Rua Emília das Neves.
(Foto de Artur Inácio Bastos - 1961- Arquivo Fotográfico da Câmara Municipal de Lisboa)



Que raio de coisa… Intrigado, a princípio não atinei com a razão objectiva… Só muito mais tarde, quando me elucidaram através de amigos comuns… Na Stimuli/Unisben é frequente a alusão a esta nova nomenclatura… O termo é curto, fácil de pronunciar e cai que nem mel no ouvido… Se vai pegar… só o tempo o dirá…

Inseridas na zona nobre da Freguesia de Benfica, a Avenida Grão Vasco e a Rua Emília das Neves, pelas quais continuamos a nutrir desmedida afeição, além de albergarem uma longa e interessante história, algo desconhecida das gentes de Benfica e que urge desvendar em todos os aspectos explorando, claro está, todos os pormenores que contenham algum interesse…



Moradia demolida na Rua Emília das Neves, 8.
(Foto de Artur Goulart - Arquivo Fotográfico da Municipal de Lisboa)



As duas artérias encontram-se, ad eternum, indissoluvelmente irmanadas desde as suas origens mercê de cordão umbilical comum, isto é, geradas pelo mesmo ventre: a histórica “Quinta da Feiteira”.
Recuar no tempo e escavar, escavar a fundo até aos caboucos é o nosso propósito tentando, de permeio, revelar factos curiosos da Avenida Grão Vasco (“Rua da Mata”) e da Rua Emília das Neves, eventualmente, a "Rua da Xana", abordando também, a evolução do espaço envolvente onde estão localizadas e as alterações ou etapas de desenvolvimento que foram sofrendo no decorrer de várias épocas no contexto da Freguesia de Benfica... No fundamental, será o principal propósito deste trabalho…

[Continua…]



*** Por razões de higiene mental, o autor não respeita as normas do Novo Acordo Ortográfico.




NOTAS:


(1)- Stimuli/UNISBEN
Associação de Cultura e Artes de Lisboa (integra a Unisben).
A Unisben - Universidade Intergeracional de Benfica, é uma instituição de âmbito social e educativo, não-governamental e sem fins lucrativos, que nasceu com o propósito de combater a solidão e proporcionar aos seniores com mais de 50 anos momentos de aprendizagem e lazer.
O objectivo passa por proporcionar àqueles que são o nosso passado e que precisamos que sejam também o nosso presente, conhecimentos em múltiplas áreas do saber, nomeadamente as línguas, ciências sociais, saúde e música, entre outras, dando ainda a oportunidade de participar em actividades práticas em paralelo.

(2)- Escola do Magistério Primário de Lisboa
O magnífico edifício foi construído entre 1916 a 1919, segundo projecto de Adães Bermudes e foi inaugurado pelo Presidente da República, Dr. Bernardino Machado. A Escola Normal Primária de Lisboa (1862/1930) permaneceu naquele espaço até 1930, ano em que o Estado Novo extinguiu todas as Escolas Normais do país, substituindo-as pelas Escolas do Magistério Primário. A Escola do Magistério Primário de Lisboa funcionou sempre neste edifício até 1979 tendo, a partir desta data, substituída pela Escola Superior de Educação de Lisboa.









terça-feira, 1 de novembro de 2011

Dia de Todos os Santos e Dia de Finados





(por Alexandra Carvalho)




Fotografia de Alexandra Carvalho (2006)




Durante 25 anos, morei na rua do Cemitério de Benfica.
Havia quem não compreendesse como ali conseguia viver, janelas a darem directamente para uma visão plena das campas e sarcófagos.
Apesar de não conseguir ainda aceitar o conceito de morte, a mim, sinceramente, nunca me fez impressão morar em frente ao Cemitério de Benfica, porque considero que é dos vivos (e não dos mortos) que temos que ter medo.

O Dia de Todos os Santos (a 1 de Novembro) e o Dia de Finados ou Dia dos Mortos (a 2 de Novembro), em que as pessoas vão aos cemitérios para rezar pelos seus mortos, é que sempre me fizeram alguma aflição, quando morava perto do Cemitério de Benfica, pela forma quase obrigatória com que me parecia que algumas pessoas ali se deslocavam (evitando lá ir no resto do ano).